Assim como a roda, a história da humanidade é composta por rotações, ciclos. Um ponto, em um momento, está no topo e , em outro, está no chão. A história apresenta para nós esses momentos de ascensão e decadência de vários aspectos diferentes como sistemas econômicos, sistemas políticos, visão da ciência, dentre outros. Nos dias de hoje, é notável no debate público, ou como diria o filósofo italiano Antonio Gramsci, na ´filosofia das massas´, uma ´volta´ na discussão da veracidade do conhecimento científico, das bases epistemológicas da ciência e na diferença entre senso comum e ciência.
A ciência moderna teve suas bases construídas por personalidades como Descartes e Bacon, isso no século XVII. Desde essa época, os pensamentos desses filósofos sobre as bases epistemológicas da ciência foram sendo difundidos e consolidados pela sociedade científica e pela sociedade em geral. Agora no século XXI, é perceptível um ´retorno´ a estes questionamentos já, teoricamente, consolidados e legitimados. Como exemplo, peguemos a situação atual do Brasil nessa pandemia global da covid-19. Nesse momento, mais de meio milhão de mortos e , em voga, um debate sobre a cloroquina, que é supostamente um remédio eficaz contra a doença, porém sem comprovação do conhecimento científico. Nesse interim, evidencia-se o embate entre o conhecimento do senso comum, este dogmático e ametódico, e o conhecimento científico, este crítico e metódico.
Descartes ditou o método científico orientado pela razão como forma de superar a superstição, o mágico. Além disso, Bacon contribuiu para a discussão entre senso comum e ciência dizendo que a ciência moderna nasce sob o signo de um conhecimento neutro, guiado pela razão e pela experiência, liberto de sentimentos e pré-noções. No entanto, a fundamentação do uso da cloroquina advém de um discurso sem nenhuma base na razão e tampouco na experiência metódica e sistemática a fim do uso deste medicamento, como combatente ao vírus, ser comprovado como verdade.
Nota-se, então, que a consolidação das bases da ciência moderna não é um fenômeno histórico de crescimento linear, mas sim composto por ciclos, este que agora está em decadência. Dessa maneira, vemos a roda da história girando mais uma vez.
Vitor Raffaini Gheralde, aluno 1 ano matutino
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