Era dia trinta de junho de 2021, uma quarta feira, estava sentada na mesa lendo um texto da faculdade ao lado de minha mãe, que estava trabalhando em casa por conta da pandemia, quando o celular dela tocou, era minha tia ligando. No decorrer da chamada escutei o seguinte:
- Eu não queria tomar a vacina, estava com muito medo e fui forçada pela minha filha.
Tive que me intrometer, pois a vacina mencionada era para o coronavírus, justo a doença que causou toda a mudança de hábito e mortes em 2020 e que continua até o dia dessa escrita. Perguntei a ela o porquê de não querer tomar o imunizante, ela respondeu dizendo que ao ouvir que haviam sido feitos poucos testes, pensava não ser eficiente e nem segura, pois havia muitos efeitos colaterais. Para tentar entendê-la perguntei:
- Mas onde você se informou sobre essas especulações? Pois pelo que eu vi os números de mortes diminuíram em quase todos os países que vacinaram em massa.
Mesmo ela tentando responder, percebi que não havia nenhum embase teórico, alguma notícia ou estudo para afirmar tal coisa, tinha visto apenas fragmentos de jornais e reportagens, confundindo-se e a levando a esse pensamento.
O comportamento de minha tia era o de muitos no mundo, pois com o atual momento de descrença na ciência, o conhecimento do senso comum e informações falsas se tornam predominantes, tendo sentimentos, a religião e influências, principalmente política, como precursoras dessa mentalidade.
Mesmo em um mundo com acesso rápido à informação e conhecimento, as pessoas se tornaram confusas sobre o que procurar, levando-as à primeira ocorrência como certa e não se atentando sobre o veículo de tal referência. Esse hábito levou a que opiniões, pontos de vista e concepções de mundo fossem aceitos como verdades, tornando-se correntes e se espalhando para todos.
A ciência, como afirma Descartes e Francis Bacon, deve se basear na razão, na dúvida, na teoria e em observações. Contudo, ela não tem mais força na realidade, por mais que seja comprovada sua tese, os que não acreditam nela conseguem distorcer e classificar como falsas tais confirmações, fazendo com que esse método de pesquisa não seja de grande confiabilidade.
Além disso, essa irmã de minha mãe parou de assistir aos jornais por ter apenas notícias “ruins” e de não querer ver a destruição do corona vírus. Essa prática, também muito usada hoje em dia, facilita esse processo de falta de conhecimento, pois sua fonte são apenas informações que considera relevantes, não estabelecendo relações e nem utilizando a razão para suas afirmações.
Ao final da conversa, minha tia, mesmo relutante, entendeu a gravidade de não tomar a vacina e como a sua visão estava distorcida sobre a sua eficácia.
Camila Gimenes Perellon - 1° Semestre - Matutino
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