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domingo, 4 de julho de 2021

A burrice e o aumento de danos

 “Eleitores querem líderes mais burros que eles, pois eles são menos danosos. É uma forma barata de cinismo”. Essa frase é dita no filme “O ponto de mutação” pelo personagem Jack Edwards, um político norte americano frustrado por ter pedido a corrida presidencial.  

Indo ao encontro com o pensamento citado acima, nos últimos tempos, ficaram nítidas, em todo o globo, as ascensões de governos negacionistas e extremamente intolerantes às diversidades. Negando a ciência e fazendo afirmações que beiram a insanidade. Conforme o pensamento de Francis Bacon, afirmações que partem exclusivamente de percepções pessoais e sem a experiência prática não podem ser consideradas científicas e muito menos, plausíveis. Na era da Fake News e da desinformação em massa, se faz necessária a retomada de pensamentos clássicos a respeito de como fazer ciência, de como se informar e de como desenvolver o pensamento crítico.  

As ideias altamente difundidas pelo senso comum podem se apresentar como atraentes diante daqueles que procuram respostas rápidas e simplistas para situações complexas. Como foi o caso da vasta propaganda de tratamentos precoces para Covid-19 no Brasil. Remédios sem nenhuma eficácia comprovada foram amplamente divulgados de má fé por pessoas que visavam o lucro e uma saída fácil diante da maior crise sanitária já vivida em território brasileiro.  

Em suma, conclusões baseadas simplesmente na razão, para Francis Bacon, são falhas. O filósofo critica o racionalismo exacerbado de Descartes e propõem a prática como a verdadeira forma de se atingir a verdade. No Brasil, atualmente, apesar de inúmeros estudos apontando, por exemplo, a ineficácia de tratamentos precoces, ainda existem figuras públicas e seus seguidores que os defendam. Sendo assim, uma parte da frase dita por Jack Edwards parece fazer sentido, de fato eleitores buscam líderes mais burros que eles. Entretanto, o resultado não é a redução de danos, e sim, o aumento. Como foi o caso de milhares de mortes no Brasil que poderiam ter sido evitadas, se remédios sem eficácia comprovada não tivessem sido amplamente difundidos.  

Jade Cocatto - Turma 38 - Direito Noturno

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