A princípio, compreende-se que existem diversas formas para alcançar uma verdade absoluta. Assim como, a depender do objeto estudado, esse processo pode ser realizado por diferentes correntes - tais como o racionalismo, empirismo, idealismo, materialismo e variadas subcategorias dentre as mesmas. Entretanto, cabe aqui aprofundar o estudo em específicos métodos para fazer uma reflexão.
No livro “Democracia ou Bonapartismo” do escritor italiano, Domenico Losurdo, é explicada a relação acerca da obtenção de informações e a parcialidade da mídia ocidental. Ao longo de texto, é possível observar como 4 agências, detém o monopólio midiático e utilizam dos aparatos estatais para criarem verdades e manipular a opinião da população mundial. Sendo assim, é interessante estabelecer um paralelo entre a procura da verdade na sociedade contemporânea, e as contribuições feitas por importantes filósofos, sobre a metodologia do conhecimento.
(alguns exemplos para situar a explicação):
- Em 1953, Henry Lodge, embaixador dos EUA na ONU, foi responsável por criar um "Conselho de Psicologia" e desfrutar do vasto aparato cultural estadunidense (mídia, filmes, propaganda) para propagar mentiras sobre a URSS;
- Os Estados Unidos do governo Truman, através de uma guerra psicológica, financiaram o “Congresso para a Liberdade Cultural”, o qual subsidiou diversos movimentos intelectuais e sociais para produzir uma mentalidade antimarxista e anticomunista, mesmo à custa da racionalidade;
- No ano de 2009, foi divulgado pelo chefe de notícias norte-americanas, Tom Curley, que o Pentágono detém um orçamento de 5 bilhões de dólares para empregar 27 mil pessoas focadas em circular as manipulações criadas;
- A Associated Press, United Press, Reuters e French Press, são agências veiculadoras de notícias e detém o monopólio do mercado da informação. Inclusive, vale ressaltar que, aproximadamente, 70% das “verdades” mundiais informativas partem dos EUA.
Conforme o exposto, é fundamental que voltemos aos pensamentos de Bacon para começar a reflexão. Assim sendo, sabe-se que o filósofo inglês defendia o empirismo indutivo, ou seja, o “conhecer” através da experiência. Dessa forma, recolhe-se os dados dos sentidos e particularidades e ascende-se gradualmente a fim de alcançar os princípios de máxima generalidade. Entretanto, a existência de ídolos (fatores que influenciam negativamente esse método) e noções falsas que ocupam o intelecto, atrapalham a instauração da ciência. Portanto, fatores como: educação, vivência, admiração, doutrinas, discurso e a própria natureza humana, são princípios que afetam decisivamente na hora de ler determinada matéria e tomar opinião acerca de um assunto.
Ademais, atualmente existe um discurso sobre a democratização do conhecimento devido ao acesso aos meios de comunicação, todavia, não se discute a veracidade desse conhecimento e o porquê a criação de mentiras históricas e noticiadas favoreceriam um discurso... Recordemos, então, para nos aprofundar no assunto, duas famosas afirmações de Marx: “não haveria necessidade de ciência se o fenômeno estivesse inteiramente contido em seu modo de aparecer” e “a ideologia da população, em determinada época, é a ideologia da classe dominante”. Nesse sentido, pode-se dizer que a questão científica se perde ao ser coberta e cooptada pela ideologia do veiculador. Em adição, isso significa que, para a manutenção da hegemonia, ou seja, determinação dos traços específicos de uma condição histórica e para tornar-se protagonistas de reivindicações que são de outros estratos sociais, é necessário a manipulação, do maior número de “verdades” que favoreçam a versão de um fato
Destarte, vale relembrar o pensamento de Descartes, onde conclui-se, durante a busca pela verdade, que é por natureza em todos o poder de distinguir o verdadeiro do falso, contudo, infere-se que a diversidade das opiniões não decorre de uns serem mais razoáveis, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por diversas vias, e não considerarmos as mesmas coisas. Em síntese, é fundamental estudar a metodologia do conhecimento e procurar a realidade por detrás do objeto, e então, assim como Bacon, "mudemos a empresa a partir do âmago de suas fundações, se não se quisermos girar perpetuamente em círculos, com magro e desprezível progresso", para não cairmos em discursos hegemônicos que destoam completamente da realidade ao nosso redor.
Vinicius Ahmed de Oliveira Ramos Alvares, Direito Matutino, 1° semestre
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