Olá, Ciência.
Faz muito tempo que nos
conhecemos, principalmente que ouço falar de você. Acredito que não terei uma
resposta tão cedo pela sua agenda tão conturbada, mas asseguro que tenho
observado muito do que você tem feito, ou do que fizeram em seu nome. É tão estranho
definir meus pensamentos sobre você, porque por vezes te admiro e idolatro,
outras vezes tenho raiva e nem quero saber a respeito. Entretanto, sei que você
surgiu para quebrar paradigmas e revolucionar, mas sempre é colocada em mãos
que deturpam a sua essência. Descartes, quando me falou sobre você, disse que
era a nova forma de enxergar o mundo, uma nova lente, um quadro que poderíamos
pintar a vida de maneira mais crítica, consciente e coletiva, pois pra ele e
para mim, de nada basta um espírito bom se não o aplicamos para o bem, o bem
todos. Ele estava certo em outro ponto também, porque você realmente é como a
arte, cresce e amadurece a partir da criatividade e imaginação, nos inspira e
nos faz sonhar, sonhos prazerosos e muitas vezes impossíveis. Mas é aí que
encontramos o problema, você se tornou uma ferramenta muito poderosa nas mãos
humanas, ferramenta capaz de desafiar as leis da natureza, alterar a ordem
natural e subjugar tudo e todos à vontade de seus mestres. Essas mãos, tão firmes
e mecanizadas, presentes em corpos e mentes tão cegos, que tentam a cada dia
dominar a natureza, sem compreender que é impossível vence-la, pois como disse
nosso amigo Bacon, há muito tempo atrás, a natureza supera em muito, em
complexidade, os sentidos e o intelecto humano.
Diante disso, o que posso fazer?
Como posso ajudá-la?
Sei que esse não era o seu
objetivo, mas estamos indo para um caminho sem volta, nossos valores
ético, moral, político e social estão transmitindo uma mensagem desarmoniosa,
danosa e supremacista, a partir do capitalismo, visto que nos abstemos dos erros do presente e do
passado, mas já planejamos as desculpas do futuro. Pior fica, quando dizem que
as ações de hoje são em prol da vida no futuro, eu sinceramente tenho
dificuldade em acreditar, pois estamos cultivando guerras, armas, morte,
desmatamento, extinção, entre outros males, para uma colheita que não será feita
amanhã, mas daqui 50/100 anos, quando só você estará presente para assumir a
culpa.
Finalizo essa carta te pedindo
desculpas, pois você ainda será o bode expiatório por muito tempo. Deixo também
uma mensagem pra você e para todos que tiverem a oportunidade de lerem essa
carta.
“Jamais se esqueçam de ESPERANÇAR,
construir um mundo novo sob uma perspectiva coletiva, sem desanimar ou temer o
passar dos anos, afinal não somos máquinas e ninguém controla nosso tempo.”
Até logo!
Eduardo Damasceno e Silva –
Turma XXXVIII (Noturno)
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