A
epistemologia, também conhecida como Teoria do conhecimento, é um ramo
imprescindível da ciência moderna que estuda como o ser humano adquire e
justifica seus conhecimentos. “Como sabemos a verdade?” “Como adquirimos este
conhecimento ou afirmação?” Estas são algumas das questões que a epistemologia
busca solucionar. A saber, a religião foi a primeira forma de conhecimento
estabelecido pela sociedade, este conhecer possui como fundamento a providência
dívida. No entanto, ao partir para a modernidade, pode-se perceber a existência
de duas bases epistemológicas principais e distintas, a empirista e a
racionalista.
Ao
analisar a corrente empirista, percebe-se que Francis Bacon foi um dos grandes
precursores do pensamento, tendo desenvolvido um novo método de análise e
interpretação da realidade humana. A filosofia empírica do autor busca
encontrar por meio da experiência as condições necessárias e suficientes para o
resultado de uma afirmação verdadeira. Em contrapartida, Descartes debruça
sobre uma perspectiva racional para encontrar a veracidade.
No
entanto, ao analisar a prerrogativa dos autores pode-se perceber que ambos
concedem a finalidade última da ciência: superar a forma de conhecimento
vigente e instaurar um conhecer capaz de propiciar uma transformação social.
Contudo, muito desse conhecimento moderno proposto por esses autores, será
utilizado pelas elites e classe burguesa como um instrumento capaz de dominar
econômica e politicamente.
Ao
fazer uma análise nem tanto minuciosa sobre a realidade humana, pode-se
perceber a existência de um completo paradoxo. Nós enquanto humanidade fomos
capazes de desenvolver uma ciência extraordinária, apta a levar o homem à Lua,
apta a descobrir doenças antes incuráveis como o câncer, apta a desenvolver um
sistema altamente desenvolvido de comunicação instantânea e global. Mas, em
contrapartida, nossa ciência não conseguiu (ou não quer) resolver o problema da
fome mundial, das guerras, a questão do acesso à moradia para todos, da saúde
acessível para todos. Chega a ser irônico pensar que nossa humanidade destina
quase que completamente sua atenção para a questão de desenvolvimento nuclear e
bélico, mas fecha os olhos para as questões sociais que são consideradas
fundamentais para qualquer indivíduo, mas que nem todos possuem.
Como
chegamos ao ponto de uma ciência que leva o homem ao espaço, mas que não
soluciona o problema da fome? Como chegamos ao ponto de desenvolver uma ciência
predadora que destrói um dos meios mais necessários para a manutenção da vida
humana, que é a natureza? É claro que não se pode negar os benefícios trazidos
por esse conhecimento científico. No entanto, pode-se comparar a ciência a um
remédio, que quando usada de maneira desmedida e desmensurada, ela é
prejudicial ao usuário. A diferença é que a ciência pode ser prejudicial para
uma sociedade inteira ou até mesmo para o mundo inteiro, pois assim como
mencionado no filme Ponto de Mutação, “ninguém é uma ilha, todo homem faz parte
do continente”. Em outras palavras, somos todos parte de uma teia inseparável
de relações.
Lastimavelmente,
assim como mencionado na obra cinematográfica, a humanidade vive uma crise de
percepção. A ciência moderna, a tecnologia, os negócios torturaram o nosso
planeta. É a velha ideia patriarcal do homem dominando tudo. É como se a
natureza funcionasse feito um relógio - você a desmonta, a reduz a um monte de
peças simples e fáceis de entender. As coisas mudam tão rápido nas mãos do
homem. A natureza se fragiliza, a chuva torna-se ácida. No entanto, precisamos
de uma nova maneira de entender a vida, precisamos de uma nova visão do mundo.
Não podemos mais nos esquivar, não podemos correr o risco. Precisamos encorajar
a humanidade a buscar a prevenção, não somente a intervenção.
Bacon,
mencionou em seus escritos a seguinte sentença: “Pois a natureza não se vence,
se não quando se lhe obedece”. Essa afirmação é muito relevante para os tempos
atuais, no qual a humanidade vive uma crise sem precedentes na saúde pública
mundial. Um microrganismo, que ainda é debate dentro da comunidade científica
acerca da sua característica como ser vivo ou não, está assolando o mundo,
causando centenas de milhares de mortes, intensificando a fome, intensificando
o desemprego e intensificando o sofrimento humano. Enquanto isso, temos a ciência
em mãos e capacidade suficiente para desenvolver tecnologias altamente
avançadas para minimizar MUITAS mortes. Mas, ao invés de juntar forças e
impedir a destruição da humanidade, somos suficientemente egoístas ao ponto de
iniciar uma corrida contra o tempo para ver quem desenvolverá o melhor método
de tratamento ou a melhor vacina. Somos suficientemente egoístas para iniciar
uma briga geopolítica e se beneficiar com a crise de mortalidade mundial. Não
sei, “Talvez sejamos atraídos pela morte, como lobos por cordeiros”.
Lívia Gomes - direito noturno
Quero deixar meus aplausos!!!
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