Era uma vez, no século XVI, dois filósofos, que com grandes feitos, são considerados os fundadores da filosofia moderna. O primeiro, Francis Bacon, morava na corrente empirista, defendendo o conhecimento obtido pela observação e interpretação dos fatos. René Descartes, o segundo, contudo, morava em outra corrente, a racionalista, que lutava contra a obtenção da verdade pelos sentidos, defendendo a razão como forma exclusiva de chegar ao conhecimento. Apesar das diferenças, ambos são importantes para a ciência moderna, cuja missão consiste em alcançar conhecimentos usando a razão e experimentos.
Uma luta árdua foi travada desde então, para que a ciência ganhasse a devida importância: muitos estudiosos e cientistas deram a vida em prol do conhecimento, buscando superar as superstições, os preconceitos, o senso comum, verdades subjetivas que não condizem com a realidade. Aqui, poderiam ser adicionados centenas e centenas de capítulos narrando os avanços da ciência, a partir do que foi pensado por ambos, ainda no século XVI, e que, são indispensáveis para o mundo do século XXI: temos tecnologias para vermos as menores partículas do mundo, curamos e prevenimos doenças, criamos inteligências artificiais, chegamos à Lua, criamos aviões, temos internet. Muito do que era inimaginável nos tempos de Bacon e Descartes, hoje representa nosso dia a dia, a humanidade pôde realizar tudo isso graças à ciência.
Era uma vez o Brasil, país de muitas mazelas, mas também de muitos motivos de orgulho: incontáveis excelentes pensadores, escritores, cientistas, artistas. Incontáveis contribuições para a ciência, como, por exemplo: radiografia, insulina humana, coração artificial, cura de doenças, vacinas. Apesar de tantos entraves, a ciência brasileira não fica para trás.
Mas de repente... Era uma vez o Brasil de Bolsonaro. Francis Bacon choraria ao ver um país governado e composto por muitos indivíduos dominados pelo que ele chamou de “ídolos” – ilusões que atrapalham a mente na compreensão da verdade. Todo o avanço da ciência, mundial e brasileira, tantos estudos, tantos pensadores, tantas verdades ao nosso alcance... e Bolsonaro? O negacionismo e a desinformação de alguns o elegeu, e como o esperado, é o que norteia seu governo.
Era uma vez o Brasil... de Bolsonaro... na pandemia. Os “ídolos da caverna” de Bacon nunca estiveram tão presentes, pelo menos nesse século, nessa intensidade. Apoiadores do governo são enclausurados em cavernas: “um lugar profundo onde guarda verdades que independem da comprovação, são certezas das quais não abrimos mão mesmo diante de provas concretas”. Certezas que custaram vidas. (No momento em que escrevo, são 518 mil brasileiros).
O avanço da ciência permitiu que identificassem a doença e alertassem de sua seriedade. Bolsonaro chamou de “gripezinha”. Permitiu que produzissem vacinas o mais rápido possível. O governo recusa, não responde, ignora, desacredita. A ciência provou a ineficiência do chamado “tratamento precoce”, a OMS não aprova. Bolsonaro posa com a cloroquina, gasta 90 milhões para produzi-la. E vacinas? Não! Transformam em jacaré.
Um governo que prende a população na caverna sujeita a falas do presidente que nega a ciência, é irracional, contraria experimentos. A luta árdua, de séculos, para podermos ter acesso à ciência para um governante descartá-la assim. O que Bacon e Descartes diriam?
Era uma vez 500 mil mortes. Era uma vez 1 culpado. Era uma vez o Brasil.
Maria Júlia de Castro Rodrigues - 1º ano - diurno
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