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domingo, 5 de maio de 2019


Dói a cabeça de tanto pensar, machuca a garganta de tanto não falar

Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
[...]
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
(CHICO BUARQUE – “CÁLICE”)

Vivo como uma peça de uma máquina, uma engrenagem que se sacrifica um pouco mais em cada movimento tortuoso que realiza. E se atrevem a chamar este movimento de ordenamento. Neste conceito ideologico de analisar as coisas para as ideias, me tornei uma coisa sem nenhuma ideia. Assim, sou uma “obra” da coerção social, uma pintura sem cor com desenhos rigidamente traçados. Não penso por mim, sou um coletivo que não me representa, mas que me pune para doutrinar os outros.
Uma célula presa dentro de uma cela, que serve a uma função social estrita que não permite movimento, pois a coesão se dá pelo prurido dos machucados e o sangue coagulado que secou nas feridas. Portanto, o papel da punição é dar liga nesta ideia malformada de coletividade, ou seja, juntar uns aos outros pelo sentimento compartilhado de dor. A partir disto, negar a si próprio - para realizar suas funções sociais - se torna mais fácil se já não se sabe mais o que é ser indivíduo. Então nos transformam em coisas, de modo que toda a ação se torna mecânica.
O funcionamento ordenado da sociedade justifica a perda da alma?


Érika Nery Duarte
Direito Matutino
Primeiro ano

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