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terça-feira, 2 de abril de 2019

A mecanização do mundo e a ideologia do fascismo

O fascismo é uma forma de regime político extremista do estado capitalista de ordem contrarrevolucionária, cujo cerne se deu pelas contradições da Primeira Guerra Mundial e o combate à movimentos que se assemelhariam à Revolução Russa de 1917. Desse modo, a origem do fascismo com Benito Mussolini na Itália derivou do confronto ao “contágio vermelho” emergente na Europa na primeira metade do século XX no contexto da crise de produção do capitalismo. Após os longos anos de crimes contra a humanidade cometidos por esses regimes, medidas de organizações internacionais foram tomadas para que a disseminação de discursos de ódio, violação da dignidade humana dentre outros aspectos fascistas não se repitam. Entretanto, a contemporaneidade no contexto de neoliberalismo retomou alguns discursos de regimes fascistas, considerando-os comuns e tomando interesses socioeconômicos sobrepostos à dignidade humana. Desse modo, o neofascismo emergente demonstra pontos semelhantes aos regimes anteriores – como discursos de ódio e antidemocráticos - mas que, simultaneamente, apresenta também algumas divergências, tais como a ausência de “ameaça do avanço comunista”, denotando uma democracia burguesa deteriorada e em crise, movida pelo discurso superficialmente crítico que busca superar uma crise política e econômica para satisfazer seus desejos de capital.  
Mediante a esses contextos, o filósofo frankfurtiano  Theodor W. Adorno em sua obra “A Personalidade Autoritária” (1950) defendeu que a sociedade fascista possui características próprias e que derivam de comportamentos individuais. Tais comportamentos podem ser observados através do individualismo, em que indivíduos são interpretados como unidades independentes, com tendências narcísicas e, ademais, esta sociedade busca e se espelha em discursos individualistas de um líder que preza exclusivamente por prazeres individuais. A visão individualista descende da perspectiva mecanista, em que esta ignora a amplitude dos sistemas de uma sociedade em seus problemas e situações diversas. Visto essa situação, tal visão permanece na civilização, fazendo com que instituições do sistema econômico vigente ignore os fatores que geram crises e, em casos de estagnação corporativa, lideranças e populações começam a disseminar discursos de anseios particulares para amparar a instabilidade política e econômica.  Analogamente, nota-se essa problemática do mecanismo no filme “O Ponto de Mutação”, baseado na obra literária de Fritjof Capra publicada em 1982, em que os protagonistas - um político, um poeta e uma cientista - se encontram em uma discussão filosófica sobre a mecanização do mundo e o afastamento do ser humano da natureza.  Sendo assim, a cientista critica o cartesianismo no sentido de que, neste método, o mundo é visto como uma máquina, em que os problemas são individualizados ao invés de serem vistos como um grande sistema. Logo, a problemática da ausência de sistematização social gera expressões egocêntricas, que podem também gerar expressões fascistas de acordo com as características apresentadas. Além disso, em meio à essas críticas, aborda-se que as ações individuais sempre interferem na vida dos demais, podendo assim interpretar que decisões tomadas por líderes políticos ou por cidadãos comuns podem interferir não só na sociedade vigente, mas em gerações futuras. Ao fim da obra, o político compreende a visão sistemática da cientista ao perceber que seres humanos em sociedade devem estabelecer uma interdependência entre si, uma vez que a natureza se comporta dessa maneira. Desse modo, uma sociedade afastada da mecanização do mundo, do individualismo e do próprio fascismo se comporta de modo que as relações humanas são interdependentes. 

Giovana Silva Francisco, 1º ano - Direito - Noturno

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