O desenvolvimento de teorias
modernas acerca do método, tais como as de Descartes e Bacon, refletem não
somente no âmbito das ciências exatas e biológicas, mas também nas ciências
política e social. Desta forma, tendo como exemplo mais enfático o pensamento
cartesiano, o filme “Ponto de Mutação”, de Bernt Capra, aborda de maneira
crítica o fato de que os problemas políticos são resolvidos de maneira
mecanicista, sem que o todo seja de fato avaliado.
Aliado a isso, relaciona-se
fortemente a ascensão do fascismo e nazismo como políticas justificadas sob uma
lógica distorcida da ciência. Assim, têm-se nesses regimes, por exemplo, a
implementação da eugenia e de discursos discriminatórios que se pautam em
visões deterministas de meio e “raça”. Esse tipo de pensamento está conectado
com a visão da política e da sociedade como uma máquina, uma grande engrenagem
que tem como finalidade o funcionamento ideal. Assim, a grande questão que
emerge é: o que fazer com os disfuncionais? A resposta do Fascismo é simples:
eliminá-los.
O grande problema da visão
cartesiana das relações políticas é, portanto, a miopia frente à interligação dos
fatos, da origem e de seu problema. Ao invés disso, o que se têm nessa lógica é
a visão de que, ainda na metáfora na engrenagem, ou uma peça funciona, e é
portanto adequada a ser parte do todo social, ou não funciona, e deve ser,
assim, descartada e substituída por outra que o faça.
Conclui-se que uma percepção
fascista da sociedade é sustentada, dentre outros fatores, pela aplicação do
cartesianismo nas análises políticas. Desta forma, para que reine a democracia,
é preciso que se amplie e humanize a visão que se tem das pessoas e de seus
espaços sociais.
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