Bernt Capra apresenta em sua ilustre obra “Ponto de Mutação” dois
modos de se fazer uma análise sobre o mundo. Em um primeiro modo, o mundo é
visto como um grande sistema subdividido em sistemas menores os quais devem ser
estudados separadamente. Já em um segundo modo, ele é considerado um sistema
com partes interdependentes sobre as quais seria impossível se fazer um estudo
individual em que se desconsiderasse as relações e conexões entre elas.
Na
atualidade, muitos, principalmente chefes de Estado, tratam o mundo como o
político do filme trata, de maneira cartesiana, como se as partes fossem
isoladas e como se o vínculo entre indivíduos e o meio e entre sociedades
pudesse ficar em segundo plano. Com isso, tem-se uma realidade banhada em
interesses individuais e manipulação, uma realidade em que os problemas globais
não são realmente resolvidos, pois são vistos separadamente. Assim, fica claro
que o modo sistêmico, defendido pela cientista do filme, tem a capacidade de
abranger o mundo e as suas relações, já que toma um problema não como um fato
isolado, mas como algo que se liga a tudo e a todos. Dessa maneira, o ponto de
vista sistêmico seria o precursor de um modelo social mais sustentável e menos
centralizado nos interesses de poucos.
Partindo-se
desses fatos, é possível fazer uma relação entre o filme “Ponto de Mutação” e o
surgimento de ideias e práticas neofascistas atuais, uma vez que, como
evidenciou o professor Alysson Leadro Marcaro na palestra “O Fascismo e suas
Manifestações Contemporâneas”, o fascismo foi combatido militarmente, mas suas
sementes ideológicas, o neofascismo, estão disseminadas pelo mundo e encontram
solo fértil no contexto mundial contemporâneo de crises econômicas, políticas e
sociais no qual conceitos falsos são defendidos, ideias extremistas são
vangloriadas e o coletivo é esquecido. Assim sendo, o ponto de vista
mecanicista impera e, com isso, a parte “quebrada” do regime fascista poderia
ser substituída e ele voltaria a agir, no entanto depois de algum tempo
fracassaria novamente, pois não haveria uma análise histórica e contextual das
complexas relações da sociedade como um todo.
Desse
modo, é evidente que, quando o mundo é considerado como tendo partes isoladas,
a sociedade regride e o modelo fracassa. Com isso, torna-se necessária a
valorização de uma visão abrangente e sistêmica sobre o macro.
Juliana
Silva Pastore - Direito diurno (1º ano)
Nenhum comentário:
Postar um comentário