Contudo, à luz do filme "O ponto de mutação", mostra-se que o uso desenfreado e descabeçado de tal racionalismo exacerbado, a procura cega pelo progresso através da ciência, a dissecação dos conhecimentos atuais e tentativas de entendê-las separadamente como um caso isolado, tal como proposta por Descartes( a qual se usa a analogia de comparar o mundo à um relógio e suas peças no filme), tornou-se, fatídicamente, ineficaz no mundo de hoje. Com efeito, entende-se como errado essa linha por não manter interligada os problemas que apresentam em si um ponto em comum, tenta-se resolver tudo de forma fragmentada, como exemplificado pela personagem Sonia no filme citado, o jogo político que tem como discurso medidas protelativas que olham para uma mazela isolada e não visam a resolução real de um problema.
Ademais, perpassam-se riscos sobre as ciências as quais podem ser usadas para defenderem ideias quase que antihumanas como ideais nazi-fascistas, em que se tem exemplos como o da eugenia empregado pelo cientista nazista Francis Galton, quem basicamente fundamentou a ideia ariana embasada na genética, levando à repressão e extermínio de vários segmentos da sociedade alemã em razão uma ideologia humanista; assim como o exemplo do cientista soviético Trofin Lysenko que difundiu a teoria de que o meio altera a natureza não só do homem como também de plantas, resultando numa grave crise de produção agrícola na União Soviética, unicamente pela ignorância em não pesquisar mais a fundo e não realizar testes empirícos de sua tese antes da aplicação dessa para que fosse mantida sua ideia contrária à da "genética produtiva burgues". Assim como outros exemplos que demonstram o uso do conhecimento científico para realização de desejos de uma determinada classe, sendo o mais contemporâneo o da classe burguesa que emprega grande capital para pesquisas relacionadas a produtos de consumo que não agregam real valor social e humano, ou seja, visam claramente o lucro do grupo em questão.
Com efeito, vê-se que por mais demasiada racional e fragmentada sejam as ciência, existem várias questões humanas que interferem na real emancipação da ciência como conhecimento comum ao bem verdadeiro de todos. Tendo em vista que, analisando-se historicamente a evolução da ciência, haverá em inúmeros âmbitos interesses de grupos distintos, sejam eles burgueses, fascistas,socialistas, os quais, apesar de empregarem uma real evolução cientifica, acabam por polarizar o conhecimento em prol de interesses econômicos ou ideológicos.
Portanto, nota-se que, ao prisma da teoria dos sistemas citada no filme em debate, há de se ter uma ciência que verdadeiramente se volte aos interesses sociais,ecológicos e políticos, abrangendo de forma geral e contundente todas as esferas que rondam o humano e sua complexidade, não se deixando cair nas graças de ideologias que usam de seu saber para interesses excludentes e minoritários, e sim trazendo um real esclarescimento sobre o mundo e sobre o bem do humano.
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