A crise cíclica do capital
gera medo, gera fome e gera guerra- e não é a toa que “A cadela do fascismo está sempre no cio.”,
como disse Bertolt Brecht. O
fascismo não morreu em 1945, no máximo militarmente, nos dias atuais o termo
ronda não só o Brasil, mas os Estados Unidos e, contraditoriamente, a própria
Europa Ocidental.
A ideia de apontar
um grupo social ou um partido, como razão dos males socioeconômicos de um país e
outro singular a resolver as instabilidades, é uma ideia simples e tentadora. Na
Alemanha de 1919, eram os judeus e comunistas a razão da crise, aos portugueses
de 1930, uma ditadura ultranacionalista corporativista era a excepcional fonte
de salvação do país e no atual cenário brasileiro, os bons costumes, a
militarização da sociedade civil e o fim de programas sociais são necessários
para a volta dos anos dourados do Brasil.
A superficialidade
com que são tratadas as disfunções da sociedade tornam as de improvável
resolução. O filme “Ponto de Mutação (Mindwalk)” de 1990, dirigido por Bernt Amadeus Capra,
ressalta essa crítica. O drama cinematográfico foi baseado, por sua vez, no livro “O Ponto de
Mutação”, de 1982 escrito por Fritjof Capra, onde há a seguinte citação, “A
aplicação de conceitos sistêmicos para descrever processos e atividades
econômicos é particularmente urgente porque virtualmente todos os nossos
problemas econômicos atuais são problemas sistêmicos que já não podem ser
entendidos dentro do âmbito da visão de mundo da ciência cartesiana.”
Uma sociedade organizada sob visões neoliberais propicia o
caráter superficial e fascistas que muitas organizações políticas assumem- as
pessoas creem no totalitarismo e punição pois é mais fácil do que relacionar
desde as dívidas internacionais, exploração do meio ambiente até preconceitos
institucionalizados com impeachments e desvalorização da moeda. A visão mecanicista que persiste desde o
século XVII, o racionalismo cientifico, comercializa um mundo mecânico que não
existe e enquanto esta perspectiva continuar, os problemas sociais não serão
resolvidos.
A critica a tecnologia nos moldes racionais não é um debate
novo, a Escola Filosófica de Frankfurt também se preocupou como toda a
fascinação do homem pela razão levou a instabilidade presente. A informática e
seus códigos fechados vieram a catalisar a ascensão da concorrência, tanto em
abito empresarial como individual. Desmerecer as classes sociais mais baixas
passou a ser sinônimo de esclarecimento e a violência agora é respeitada.
Evitar desde as manifestações neofascista até incidentes
sociais menores é uma questão de abordagem. O mundo nunca foi um relógio a ser
desmontado para consertar as peças individualmente, como defendia o
racionalismo cartesiano. O meio ambiente não pode ser torturado em busca do
crescimento econômico, muito menos o ser o humano- já foram experimentados os
resultados desta alternativa. Uma ciência que afaste os perigos do fascismo é
uma ciência que entende a complexidade do mundo, a razão pura nos proporcionou
grandes feitos, mas não é o único modo de caminhar.
Amanda Cristina da Silva - 1º Direito (noturno)
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