Século XX.
Pós-segunda guerra mundial. Destruição da Europa. Crise econômica. Palco para a
ascenção do fascismo. Em 1922 floresce na Itália o governo de Benito Mussolini,
representando a primeira manifestação contemporânea clara de um governo
autoritário, com privações de liberdades em que o corporativismo e o
etnocentrismo configuraram-se como a principal forma de manutenção de governo.
O fascismo pode ser entendido como movimento contrarrevolucionário, que buscava
conter uma “contaminação vermelha” comunista, fruto dos movimentos iniciados na
Revolução de Outubro de 1917. Dessa forma, o fascismo configura-se como uma
forma de governar em que pluraridade do todo é suprimida frente a um chamado
bem comum nacional – sendo possível exemplificar o período como um ponto de
mutação entre a democracia e o autoritarismo.
Traçando
paralelo ao filme de Bernt Amadeus Capra, o diretor cria um enredo em que três
personagens – uma cientista, um candidato à presidência e um dramaturgo –
encontram-se diante do paradigma dos “pontos de mutação” que marcam as mudanças
drásticas que ocorrem durante a História, como a percepção humana diante da
Ciência, Filosofia e a Tecnologia; e como a sociedade compreende o contraste
entre o ultrapassado e o novo. Frente a isso, a obra critica a visão cartesiana-reducionista
do mundo em que, por mais que tenha sido necessária para uma libertação do
pensamento racional diante das amarras da religião e da cegueira do fanatismo,
tornou-se envelhecida por considerar que todas as ações humanas podem ser
vistas como engrenagens: divididas em partes, sendo fragmentadas e mecânicas.
Assim sendo,
as personagens investem em uma nova percepção: a holística. Tal forma de pensar
entende que as ações humanas devem ser vistas como um todo, englobando
diferenças como forma de estudo dos objetos presentes na atualidade. Enfim, tal
visão pode ser tida como um afronte à teorias que incentivem a fragmentação,
tão difundida na relações hodiernas e que, intencionalmente ou não,
impulsionaram o etnocentrismo, a individualidade, preconceitos e, finalmente, o
fascismo.
Lucas Perseguino
Direito Matutino
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