Augusto Comte foi com certeza um
grande pensador. O contato com sua obra, ainda que mínimo, é fascinante. Porém,
como bem foi dito em sala de aula, pode-se fazer, visando um estudo mais "didático",
uma divisão das suas ideias: a formarem uma doutrina científica e uma doutrina
política.
Apenas para não passar em branco,
sua doutrina científica mostra-se bem completa e muito bem desenvolvida, de
modo que é facil notar sua aplicabilidade e seus reflexos no mundo científico
contemporâneo.
Já sua doutrina política é
naturalmente um pouco mais, digamos assim, "polêmica". Porém, antes
de tudo, é válido ressaltar que o atual texto é redigido com a intenção de
mostrar uma opinião particular e que no processo de analisar a obra em questão,
é difícil deixar de lado nossas concepções, principalmente aquelas que são
advindas pelo atual momento histórico. Portanto, ao expor minha reflexão vejo
que é muito nítido estar ela influenciada pela "atual visão de mundo".
Agora sim, feita a devida
ressalva, devo compartilhar que grande parte, para nao dizer
completamente, da doutrina política de
Comte trouxe-me certas inquietações. A
começar pela ideia de anarquia social. Comte afima, "nosso mais grave mal
consiste na profunda divergência entre todos os espíritos", colocando
então a fixidez como condição para uma
verdadeira ordem social. Seria então essa fixidez a passividade intelectual de
cada individuo? Aplicando os conceitos sobre a nossa realidade, entende-se
então que hoje, tempos em que a
democracia jamais foi tão defendida,
deveriamos todos ter os mesmos pensamentos? Expecificamente quando
estamos vivenciando o contrário, a defesa da diversidade, em sua acepção mais
ampla possível. Deveriamos ter então as mesmas ideologias? Uma uniformidade e
passividade intelectual em prol da manutenção da ordem?
Um segundo e ultimo ponto que
gostaria de destacar seria o famoso conceito, no que concerne à fisica social,
de estática - ordem - e dinâmica - progresso. Fechando toda o mecanismo de funcionamento
social a estas duas ideias, seria ela ainda pertinente? Parece-me, destaco
novamente, com toda a simplicidade da minha opinião, que as profundas mudanças
efetivadas nas últimas décadas, máxime no que diz respeito à complexidade das estruturas
de poder e de dinâmicas sociais, deixaram esse conceito um pouco defasado. Isto
é, essa visão de mecanismo social criada por Comte talvez não seja mais tão
correspondente à realidade quanto era no seu tempo.
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