Prosseguindo
com o raciocínio de Descartes e Bacon, Augusto Comte abre, em seu Curso de
Filosofia Positiva, o caminho definitivo para a revolução do conhecimento
científico, e o rompimento entre os ramos da Filosofia e a até então não
existente Sociologia, inicialmente denominada Física Social. Assim como seus
predecessores, Comte busca a materialização do conhecimento teórico, aplicado
também nas problemáticas sociais.
Primeiramente,
ele faz uma divisão entre os estágios necessários do conhecimento humano, em
teológico, metafísico e positivo, as quais evoluem segundo uma ordem, e em
constante progresso. Os dois primeiros estágios são caracterizados pela
dependência de aparatos sobrenaturais para explicações mundanas. No entanto,
segundo ele, são essenciais para o início do questionamento e desenvolvimento
científico, pois “para entregar-se à observação, nosso espírito precisa duma
teoria qualquer”, fazendo combinações e “tirar daí algum fruto”.
No Discurso
do Método, Descartes fez grande crítica à tendência do homem prezar o senso
comum, pois este seria o que mais facilmente maravilha o intelecto humano,
assim como Bacon, no aforismo XLVII do Novum Organum, diz que “o intelecto
humano se deixa abalar pelas coisas súbitas” as quais “costumam tomar e inflar
a imaginação”. Comte acaba apresentando essa característica humana como causa
da fase Teológica e aponta um grande papel para ela, pois centraliza “a
importância do homem no universo” e permite que a mente humana se consagre “a penosos
trabalhos”.
Além disso, Bacon
no aforismo XLVIII diz que o intelecto está sempre agitado em busca de algo,
correndo o risco de retroceder. Em relação a esse fato, Comte diz que quando
não conhecemos as “causas geradoras dos fenômenos”, “nada mais faríamos então
além de recuar a dificuldade”. Essa é a razão pela qual o positivismo defende a
elaboração das “leis lógicas” fundamentadas nas “leis gerais”, a partir da
análise recíproca dos fenômenos mais amplos e, posteriormente, dos mais
restritos.
Finalmente,
Comte aplica seu método na organização político-social, efetuando uma divisão
funcional entre os membros da sociedade, o que seria, posteriormente para
Kelsen, a justificação para eliminação de “anomalias” da sociedade no Direito
Positivo. Dessa forma, o positivismo acabou sendo o idealizador no pensamento
tecnicista em época de governos ditatoriais, pois é o meio de se justificar o
trabalho dos insatisfeitos e revoltados pela chamada “reforma da educação”.
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