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domingo, 7 de abril de 2013

Positivismo distorcido

Augusto Comte criou um modelo de ciência cujo objetivo era analisar e compreender a sociedade: a física social, a sociologia. O filósofo é um dos principais defensores do Positivismo: doutrina em que o conhecimento científico tornou-se a única forma de conhecimento verdadeiro, em que o saber é embasado no acúmulo da observação, na exploração e no que é concreto, rompendo com preceitos teológicos e metafísicos. Para ele, o estado positivo de conhecimento é o ultimo a ser alcançado e a filosofia positiva, o marco do amadurecimento do espírito humano.

Para Comte, a ordem é a precondição para o progresso. Cada indivíduo possui sua “função social”, caso ela seja destituída, o equilíbrio será deturpado. Revoltas sociais, agitações de grupos que almejam alcançar o espaço e função alheia rompem com o progresso. Além de tal ordem, o filósofo propõe uma reforma educacional que quebra com o isolamento das ciências e para que haja conscientização da posição social de cada um. Nota-se, pois, que para haver harmonia o sistema deve ser inalterado, os que possuem conhecimento devem ser dirigentes da sociedade e aos que não foram favorecidos ao nascer restam apenas a aceitação.

Diante de uma analogia entre o ideal da função social “predestinada” de Augusto Comte e a competitividade exacerbada nos pilares modernos encontra-se uma questão: será nossa modernidade constituída por positivistas “indiretos” ou “passivos”? Tal relação mostra-se clara quando nos deparamos com indivíduos que se alienam de realidades como escravização (des)mascarada em pleno século XXI, para obtenção de lucro e desejos pessoais.


 A enfermidade capitalista assola grande parte da sociedade ao ponto de “Ipods” submeterem direitos humanos.  Empresários negam, mas e os consumidores que se alienam e reforçam tal enfermidade? Estes, além dos proprietários dos meios produtivos, mostram-se indiretamente como positivistas, afinal, os trabalhadores continuarão exercendo suas funções para atender o consumo e o objetivo lucrativo, que persistem e aumentam exponencialmente em nosso “mundo tecnológico”. Obviamente a proposta do Positivismo não é a exploração, mas podemos dizer que há uma forma de positivismo “distorcido” atual,  em que operários permanecem  explorados e proprietários dos meios de produção, cada vez mais poderosos, como se fosse uma função social.  Afinal, até quando haverá essa desumanização?

Daniela Corbi - Direito Noturno

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