Para Comte, a ordem é a precondição para o progresso. Cada
indivíduo possui sua “função social”, caso ela seja destituída, o equilíbrio será
deturpado. Revoltas sociais, agitações de grupos que almejam alcançar o espaço
e função alheia rompem com o progresso. Além de tal ordem, o filósofo propõe
uma reforma educacional que quebra com o isolamento das ciências e para que
haja conscientização da posição social de cada um. Nota-se, pois, que para
haver harmonia o sistema deve ser inalterado, os que possuem conhecimento devem
ser dirigentes da sociedade e aos que não foram favorecidos ao nascer restam
apenas a aceitação.
Diante de uma analogia entre o ideal da função social “predestinada”
de Augusto Comte e a competitividade exacerbada nos pilares modernos
encontra-se uma questão: será nossa modernidade constituída por positivistas “indiretos”
ou “passivos”? Tal relação mostra-se clara quando nos deparamos com indivíduos
que se alienam de realidades como escravização (des)mascarada em pleno século
XXI, para obtenção de lucro e desejos pessoais.
A enfermidade
capitalista assola grande parte da sociedade ao ponto de “Ipods” submeterem
direitos humanos. Empresários negam, mas
e os consumidores que se alienam e reforçam tal enfermidade? Estes, além dos
proprietários dos meios produtivos, mostram-se indiretamente como positivistas,
afinal, os trabalhadores continuarão exercendo suas funções para atender o
consumo e o objetivo lucrativo, que persistem e aumentam exponencialmente em
nosso “mundo tecnológico”. Obviamente a proposta do Positivismo não é a exploração,
mas podemos dizer que há uma forma de positivismo “distorcido” atual, em que operários permanecem explorados e proprietários dos meios de
produção, cada vez mais poderosos, como se fosse uma função social. Afinal, até quando haverá essa desumanização?
Daniela Corbi - Direito Noturno
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