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domingo, 7 de abril de 2013

Retrocesso da ordem


Fruto da transição entre o apagar das luzes do Iluminismo e a ascensão da modernização científica característica do século XIX, o Positivismo emerge visando à compreensão das reformas políticas e sociais ocorridas em tal período. Aprimorando a linha de pensamento já introduzida por Descartes e Bacon, Comte elucida a defesa do método como caminho para conclusões mais objetivas, afastando-se do quimérico, do inútil e do incerto, como caracterizava o Racionalismo e o Idealismo os quais se opunha.
                O espírito humano em seu processo de amadurecimento é apresentado de forma gradual até que o conhecimento positivo, o mais maduro, seja obtido. Defendendo uma ruptura com o pensamento metafísico e teológico, estes representam meras etapas intermediárias para a compreensão lógica, uma vez que reproduzem conclusões abstratas que se afastam do real, do certo, do útil e do preciso como descreve a doutrina positivista. Uma vez alcançado o conhecimento positivo, é possível compreender os mecanismos nos quais a sociedade é regida, constituindo leis lógicas e imutáveis que transcendem gerações. Apresentadas como estáticas e dinâmicas, visam manter a ordem da sociedade tendo como finalidade básica a sobrevivência, acarretando o progresso que, de forma lenta, proporciona o avanço social.
Na prática, Comte defende que para que o progresso aconteça de fato, a ordem deve ser mantida de forma que cada classe ocupe seu lugar e função nas naturais dinâmicas sociais. Dessa forma, as revoluções promovidas pelas classes subjugadas ocasionam a quebra da ordem e dos papeis fixos que a compõem, denotando caráter negativo. Em pleno culminar da Revolução Industrial, seu pensamento atuou como defesa da burguesia como dominante, porém hoje representa um retrocesso ao negar o avanço a partir de reformulações. No século XIX, movimentos como a Primavera Árabe indicam o anseio por reformas diante da manutenção da mesma classe no poder. O verdadeiro progresso é obtido quando a ordem é ferida a partir de um objetivo central que beneficie toda a sociedade. Se o positivista defende a negação de si em favor do coletivo, atualmente as classes dominantes negam a massa em favor de seus interesses particulares, contradizendo a teoria a qual defendem. A fixidez impede o alcance do progresso, e a contínua estabilidade faz a sociedade retroceder na defesa do que lhe é de direito.

Luisa Loures Teixeira – 1º ano Direito Diurno

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