Luta por reconhecimento a
bandeira principal levantada pelo grupo das minorias em suas lutas sociais. Segundo
Honneth, para cada forma de reconhecimento, sendo elas o amor, o direito e a
solidariedade, há uma autorrelação prática do sujeito. A ruptura dessas
autorrelações pelo desrespeito gera as lutas sociais. Portanto, quando não há
um reconhecimento ou quando esse é falso, ocorre uma luta em que os indivíduos
não reconhecidos almejam as relações intersubjetivas do reconhecimento. Toda luta
por reconhecimento inicia por meio da experiência de desrespeito. Esse quadro é
observado no julgado do Supremo Tribunal Federal, a ADI de número 4.277, que
confere a discussão de direitos na união homoafetiva.
Nessa discussão, o arguente
dita sobre a equiparação das uniões homoafetivas às uniões estáveis, como
também a suspensão dos processos e dos efeitos de decisões judiciais em sentido
oposto. A partir do texto constitucional é possível identificar sobre esse tema
uma serie de ofensas ao texto normativo, que confere ao ferimento dos princípios
de igualdade, liberdade, dignidade da pessoa humana, da segurança jurídica, e
da razoabilidade ou da proporcionalidade. Em nossa constituição é expresso o
dever de erigir uma sociedade plural, justa, sem preconceitos, com extrema
valorização da dignidade da pessoa humana. Somado a isso, também é expresso no
artigo 5º que todos os homens são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza.
Dessa forma é visível o dano
nas formas de reconhecimento do direito e da solidariedade abordados por
Honneth, de modo que a população homossexual sofre com a privação de direitos e
a exclusão, atingindo a integridade social do indivíduo como membro de uma
comunidade; e também sofre com degradações e ofensas que afetam suas dignidades
e honras.
O conceito de família, é um
dos grandes pilares dentro dessa discussão. Segundo o artigo 266, parágrafo 3º,
é reconhecido como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher.
Esse conceito é ultrapassado, e sob a luz das ideias de Honneth, podemos
atribuir o casamento como um importante instrumento do amor. É no amor que floresce
a autoconfiança que é indispensável para a autorrealização do indivíduo.
Segundo o autor, o amor é a forma mais elementar do reconhecimento. E,
portanto, é na família que os indivíduos adquirem essa autoconfiança, que é
proveniente da dedicação emotiva, que segundo o autor é realizada pela mãe. Contudo,
podemos compreender que esse reconhecimento pode ser obtido através da
dedicação emotiva vinda de qualquer membro da família que cuide, ampare e
eduque esse indivíduo. Dessa forma, a união estável, não é uma garantia de uma
união geradora de amor, ou seja, uma união geradora de indivíduos autoconfiantes
e autorrealizáveis.
Portanto, através da
ponderação do julgado, podemos refletir sobre a grande ofensa é que feita
perante nossa legislação e as consequências que essas ofensas trazem para a
vida dos homossexuais, consequências e ofensas essas que ocorrem por puro
preconceito e intolerância. Ademais, é possível identificar visivelmente a luta
por reconhecimento tratado por Axel Honneth, e as implicações que a falta de
cada forma de reconhecimento traz à tona para nossa sociedade.
Lethicya Yuna Ide Ezaki - 1º Direito/Diurno
Lethicya Yuna Ide Ezaki - 1º Direito/Diurno
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