A
XXVIII Semana Jurídica retratou sobre as questões mais discutidas e polemizadas
nos últimos tempos, principalmente após o início do governo do presidente
Michel Temer: as reformas trabalhistas e previdenciárias. É possível questionar
diversos pontos dessas reformas (ou deformas), começando pelo fato de que o
Brasil é campeão em exploração e desrespeito aos direitos dos trabalhadores.
Diversas empresas não cumprem a CLT. Como pode um país marcado pela corrupção,
pela exploração e pela desigualdade falar em flexibilização das relações de
trabalho? Deve alguém alguém acreditar que haverá possibilidade de acordo justo
e pacífico entre patrão e empregado? É nítido que as reformas trabalhistas
favorecem o patrão e impulsiona as relações de abusos e precarização do
trabalho.
Além
disso, o que me chamou mais atenção durante as palestras foi a questão da
reforma previdenciária. O governo alega o déficit da previdência como pretexto
para a reforma; entretanto, o doutor Kleber Cabral, presidente da UNAFISCO,
afirmou que déficit e superávit não são ferramentas corretas para avaliar a
saúde do sistema. Discutiu também uma avaliação tridimensional do sistema: a
conformidade social, que deve assegurar a dignidade da pessoa humana e a
questão social do país; a sustentabilidade, ou seja, a viabilidade financeira;
a normatividade, que diz que as leis devem ser efetivas e garantir os direitos
individuais. Vale ressaltar um exemplo que desmoraliza a Reforma: Congressistas
e suas empresas devem 1,46 bilhão de reais em impostos e contribuições à Previdência
e ao FGTS. Assim, o governo falha no que diz respeito ao combate à sonegação e mostra a incapacidade de cobrança dos devedores. Seria a reforma previdenciária (mais)
um ataque à classe trabalhadora?
Um
ponto durante a palestra sobre reforma previdenciária que me despertou muito interesse
foi o da professora Julia Lenzi. Com um discurso poderoso, ela abordou a
questão da mulher diante da reforma, argumentando que o sistema não leva em
conta a jornada dupla ou tripla das mulheres trabalhadoras. Muitas delas, além
de trabalharem fora, são responsáveis por tarefas domésticas, além da
maternidade, uma vez que o patriarcado não designa essas mesmas funções aos
homens. Julia Lenzi também afirmou que se você é mulher, a caminhada já é difícil;
se você é uma mulher preta, a caminhada é pior ainda. Assim, a professora expôs
uma peça essencial da discussão: nós, mulheres, podemos ser ainda mais afetadas
com a PEC 287, principalmente quando veiculadas também à questão social. Diante dos fatos debatidos durante a palestra, conclui-se que para conseguir
100% do salário de benefício, o trabalhador deve contribuir 40 anos (além da
idade, entre 62-65), enquanto a contribuição de 25 anos garante apenas 1
salário mínimo. Considerando que a expectativa de vida do brasileiro é de 75
anos (com saúde, 65 anos), muitos vão morrer sem conseguir receber o benefício
adequadamente. Portanto, a reforma da previdência está em total desajuste com as
verdadeiras condições do país, principalmente quando comparado com países de
maior IDH – nos quais a previdência anda de acordo com a expectativa de vida.
Kelly Akemi Isikawa - 1º diurno
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