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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Positivismo: a naturalização da desigualdade social



Ao propor a apropriação dos métodos das ciências naturais para as ciências sociais, Comte busca descobrir as leis imutáveis que regeriam a sociedade. Neste aspecto, não interessaria ao pesquisador buscar a compreensão das “causas geradoras” dos fenômenos sociais, mas apenas as correlações entre os fenômenos.
Tendo estes princípios do positivismo em vista, vamos compreender a diferenças entre correlação e relação de causa e efeito.

No gráfico acima temos uma curva de correlação entre duas variáveis em função do tempo. A variável à esquerda é a “Taxa de divórcio”, já a variável à direita é o consumo de margarina. Ambas as variáveis apresentam comportamento semelhante ao longo do tempo, ou seja, apresentam alta correlação. Mas a pergunta que permanece é: esta correlação sugere uma relação de causa e efeito? O consumo de margarina é a causa do divórcio?
Outra forma de se analisar correlações é através do chamado gráfico de “Regressão linear”, visto abaixo.


Conforme exemplo de Bizzo (1995), se considerarmos que a reta no eixo horizontal é o tamanho do pé de uma determinada população e o eixo vertical é o resultado de todas as alturas desta mesma população, obteremos um gráfico semelhante ao de cima. A nuvem de pontos vermelhos concentradas em torno da reta azul demonstraria a forte correlação existente entre os dois caracteres biológicos (altura das pessoas e tamanho do pé), sendo que a reta central (azul) representaria o “padrão da raça”, segundo termo definido por Galton. Se considerarmos que tal população é a população ariana, temos neste gráfico a justificativa matemática do nazismo.  Neste contexto, os pontos vermelhos circunscritos em preto seriam os “outliers”, ou os indivíduos que deveriam ser, segundo o nazismo, impedidos de se reproduzir, ou até mesmo excluídos da sociedade, uma vez que tornariam a raça ariana mais “impura”.
Esses dois gráficos nos sugerem cautela ao analisar um gráfico de correlação, pois, ele pode ser apenas fruto do acaso (Primeiro gráfico), pode ser utilizado para naturalizar as desigualdades existentes em uma sociedade ou até mesmo usado para justificar a dizimação de uma população inteira. Ou seja, ao contrário do que o positivismo defende, é imperioso buscarmos as relações de causa-efeito e propormos modelos que expliquem estas correlações.

Referência Bibliográfica:

Bizzo, Nélio. Eugenia: quando a biologia faz falta ao cidadão. Cad. Pesq,, São Paulo, n.92, p. 38-52, fev. 1995.

Aluno: Luiz Henrique de Moraes Mineli (Noturno)

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