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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Marca

         Era uma tarde, embora incomum, era a sequência de uma história que se iniciou desde que Pandora abriu a caixa por curiosidade e amaldiçoou os homens com o ódio. Apesar dos males da propriedade privada, escravidão e o próprio holocausto, existem lapsos na história que são de extrema significância na guerra opressor x oprimido, deixando sua marca.
         Esta tarde como foi mencionada, passou-se no Sul dos EUA, na Virgínia. Havia uma manifestação para propagar ódio, uma legião de homens brancos, armados de tochas, protegidos pela lei e legitimados por intelectuais como Augusto Comte.
         Estes homens brancos, héteros e cisgêneros, pediam o retorno do status QUO de ordem e gritavam sua ira contra uma série de grupos que já sentiam a raiva alheia diariamente, desde que saíram dos ventres de suas mães, mesmo sem vontade, nasceram pretos, judeus, gays, mulheres e de outra nacionalidade que não seja a caucasiana.
         Andavam sob o Sol como se carregassem a verdade divina, munidos de uma vontade inigualável de ofender e oprimir. Contudo, havia uma alma no meio da multidão, que se recusou a ver aquela barbárie calada, seu nome era Adeleke.
         Uma jovem negra, filha de pais esforçados e humanos como qualquer outro, iniciando seus estudos universitários, sabia que aquela marcha era maior que apenas uma caminhada de intolerantes. Era o clamor da volta de tempos onde os direitos de minorias não eram declarados em constituições e leis, ignorando todas as mortes para conquista-los.
         Um situação em que o plano positivista de Comte se realizava, todos na sociedade exercendo seu papel, em prol de uma ordem suja e um progresso para quem não passa fome.
         Adeleke decidiu seguir um ideal do filósofo, observar a situação e trata-la de forma imediata e universal. Pois se existem leis imutáveis na esfera social essa lei é a resistência. Com toda a coragem desenvolvida por toda a sua vida, após anos escutando "pobre miserável",  "crioula", "gostosa", ela caminhou até a frente daquele exército e encarou um dos seus opressores nos olhos.
         Encarando-o com toda a penitência e repreendimento possível, com a força de todos os seus antepassados e semelhantes que sofrem e sofreram por séculos. Ela decidiu dar um basta no silêncio, uma subversiva, perturbando a ordem e a engrenagem que rege o sistema. Os que marchavam nas ruas estadunidenses eram o retrato da maioria da sociedade, só não eram hipócritas para esconder isso.
         Esse ato feito pela jovem, é uma marca histórica, e causou uma perturbação imensa que acendeu os corações de quem já havia desistido da luta, ela não apenas se levantou e ficou parada, ela se levantou com o peso de milhares de mortes e vidas dolorosas e se estabeleceu como uma muralha inabalável, gritando "basta" com as suas ações. Isso é uma semente que determinará a vitória nessa guerra.

         


Alexandra de Souza Garcia - 1° ano de Direito - Noturno

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