Era uma tarde,
embora incomum, era a sequência de uma história que se iniciou desde que
Pandora abriu a caixa por curiosidade e amaldiçoou os homens com o ódio. Apesar
dos males da propriedade privada, escravidão e o próprio holocausto, existem
lapsos na história que são de extrema significância na guerra opressor x
oprimido, deixando sua marca.
Esta tarde
como foi mencionada, passou-se no Sul dos EUA, na Virgínia. Havia uma
manifestação para propagar ódio, uma legião de homens brancos, armados de
tochas, protegidos pela lei e legitimados por intelectuais como Augusto Comte.
Estes homens
brancos, héteros e cisgêneros, pediam o retorno do status QUO de ordem e
gritavam sua ira contra uma série de grupos que já sentiam a raiva alheia
diariamente, desde que saíram dos ventres de suas mães, mesmo sem vontade,
nasceram pretos, judeus, gays, mulheres e de outra nacionalidade que não seja a
caucasiana.
Andavam sob o
Sol como se carregassem a verdade divina, munidos de uma vontade inigualável de
ofender e oprimir. Contudo, havia uma alma no meio da multidão, que se recusou
a ver aquela barbárie calada, seu nome era Adeleke.
Uma jovem
negra, filha de pais esforçados e humanos como qualquer outro, iniciando seus
estudos universitários, sabia que aquela marcha era maior que apenas uma
caminhada de intolerantes. Era o clamor da volta de tempos onde os direitos de
minorias não eram declarados em constituições e leis, ignorando todas as mortes
para conquista-los.
Um situação em
que o plano positivista de Comte se realizava, todos na sociedade exercendo seu
papel, em prol de uma ordem suja e um progresso para quem não passa fome.
Adeleke decidiu
seguir um ideal do filósofo, observar a situação e trata-la de forma imediata e
universal. Pois se existem leis imutáveis na esfera social essa lei é a
resistência. Com toda a coragem desenvolvida por toda a sua vida, após anos
escutando "pobre miserável",
"crioula", "gostosa", ela caminhou até a frente
daquele exército e encarou um dos seus opressores nos olhos.
Encarando-o
com toda a penitência e repreendimento possível, com a força de todos os seus
antepassados e semelhantes que sofrem e sofreram por séculos. Ela decidiu dar
um basta no silêncio, uma subversiva, perturbando a ordem e a engrenagem que
rege o sistema. Os que marchavam nas ruas estadunidenses eram o retrato da maioria
da sociedade, só não eram hipócritas para esconder isso.
Esse ato feito
pela jovem, é uma marca histórica, e causou uma perturbação imensa que acendeu
os corações de quem já havia desistido da luta, ela não apenas se levantou e
ficou parada, ela se levantou com o peso de milhares de mortes e vidas dolorosas
e se estabeleceu como uma muralha inabalável, gritando "basta" com as
suas ações. Isso é uma semente que determinará a vitória nessa guerra.
Alexandra de Souza Garcia - 1° ano de Direito - Noturno
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