Os dias atuais na sociedade brasileira nos mostram a
dificuldade de se manter uma estabilidade econômica, política e social. No
entanto, o caos atual é resultado de um país que, desde sua “descoberta”, viveu
sob a exploração estrangeira e comandado pela classe dominante, baseando-se
sempre em atos corruptos, desonestos, injustos e discriminatórios. Assim,
podemos observar que o positivismo de Augusto Comte teve importância no Brasil,
com o objetivo de que essa filosofia pudesse colocar o país “nos eixos” através
da educação tradicional e de outros pilares positivistas, e a influência das
ideias de Comte ainda se fazem presente na nossa República.
Comte considerava que o estado positivista era, entre os
estados teológico e metafísico, o último e mais avançado grau de desenvolvimento,
o mais perfeito, o mais adequado aos ajustes que a sociedade necessitava.
Porém, quando observamos que a própria presidência da República e instituições
importantes, além da nossa bandeira nacional, persistem na propagação dos ideais
positivistas, nós podemos perceber o quanto eles ainda são presentes nos dias
atuais. No entanto, a dúvida que fica é: o positivismo ainda pode ser
considerado o método perfeito para a criação e manutenção de um país estável e
progressista? O “ordem e progresso” de Augusto Comte ainda perdura na
sociedade, mas essas duas palavras podem ter variados sentidos e
interpretações, o que nos leva à reflexão acerca de O QUE É ORDEM? O QUE É
PROGRESSO? DE QUE FORMA PODEMOS OBTÊ-LAS? Devido a isso, arrisco-me a dizer que
o positivismo é, hoje, um ideal conservador e reacionário, de forma que prega a
estabilização de um país baseado na velha forma de educação e nas ciências
exatas e naturais, o que causa a desvalorização das ciências humanas que, assim
como as outras, possuem grande poder de mudança e libertação da mente humana.
Além disso, essa sistematização pode nos levar a uma sociedade estagnada e
fechada às evoluções do mundo, a uma submissão ao poder dominante e tradicional,
correndo risco de entrarmos em um regime autoritário, de forma que nem
percebamos que isso está acontecendo.
A persistência dos ideais
positivistas na modernidade pode ter consequências não tão boas quanto o
esperado, uma vez que, de certa forma, “prende” o pensamento humano e o faz
achar que outras formas de mudança e de desenvolvimento são “baderneiras”,
desnecessárias e incorretas. A nossa educação não mais pode se basear na
tradição; a velha forma de ensino tornou-se obsoleta diante das mudanças ao
redor do mundo, o nosso progresso deveria estar baseado em políticas públicas e
ações afirmativas, nas pautas sobre racismo, lgbtfobia, machismo e outras
formas discriminatórias que ainda assombram a sociedade; a nossa ordem deveria
encorajar a juventude a lutar pelos seus ideais e a fazer uma mudança séria, adaptada
ao mundo moderno e deixar de lado o conservadorismo presente no positivismo de
Comte, ainda que ele já tenha sido muito importante e desenvolvido para uma
determinada época.Kelly Akemi Isikawa - 1º Ano Direito/Diurno
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