Émile Durkheim, que apresentava forte influência do positivismo, embora criticasse August Comte em alguns aspectos, acreditava que, antes de se inquirir a respeito do método conveniente ao estudo dos fatos sociais, seria mister que se definisse quais fatos podem ser classificados de tal maneira. Além disso, para ele, o sociólogo deve analisar o fenômeno social como a um objeto qualquer e de forma a isolar suas concepções prévias, pois, remontando a o que Bacon já enfatizava, as pré-noções obstaculizam a busca pela verdade científica.
Os fatos a que se pode atribuir a denominação de sociais apresentam características bem específicas. Eles são maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, as quais se lhe impõem coercivamente. Esse poder, contudo, não se exerce somente onde há uma organização definida, ou seja, onde existem crenças e práticas constituídas (leis, moral, etc.), mas também onde não há normas cristalizadas; isso é o que se chama de correntes sociais.
Segundo Durkheim, a sociologia é uma ferramenta científica de compreensão dos fatos sociais. Disso deriva o fato de que o conceito deve vir da sociedade, não partir para ela. Há, pois, uma forte crítica à análise ideológica que se fazia na época. Nessa medida, o autor se relaciona diretamente com o que Comte preconizava. Todavia, para o primeiro, o outro apelava de forma contraditória, por definir o progresso como o sentido de toda a história, para uma noção metafísica.
Isso posto, fica explícito que Durkheim concebia que cada sociedade tem um funcionamento único, e que, portanto, devem ser estudadas sem a interferência de conceitos prévios ou universais. O progresso, assim, não é um fim comum a todas: elas podem, ou não, caminhar em sua direção.
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