Ao observar a sociedade, Émile Durkheim nota que é necessário isolar-se e tratar o fato social como objeto para que seja possível uma compreensão imparcial deste fato. Seria algo completamente comum se este "fato social" não se trata-se do ser humano em si. Um ser dotado de emoções e do livre-arbítrio, que se observa reduzido a um mero objeto de estudo. Contudo, superando o inicial estranhamento de tal atitude de Durkheim, é notável que tal atitude é algo sensato visto que um observador tende a considerar e valorizar mais sua cultura e instituições frente a cultura e instituições dos demais povos. Com tal atitude sendo essencial para a sociologia entender verdadeiramente como uma ideia, um comportamento ou uma instituição encontram-se enraizados dentro de uma sociedade, que é verdadeiramente o objetivo da sociologia como ciência.
Mas para que tenha-se uma melhor analise do fato social, Durkheim também chega a conclusão de que o ser humano não é um simples indivíduo que cresce e vai se moldando a partir de ideias e conceitos que vai encontrando. Durkheim chega a conclusão de que nada, nem mesmo os costumes vigentes em uma sociedade são seguidos por espontânea vontade. Durkheim considera que todos os membros de uma sociedade são coagidos a seguirem um certo padrão vigente em sua sociedade, para que assim se enquadrem no seu meio. Por isso, hábitos alimentares, higiênicos, traços culturais e educação são frutos do meio em que um indivíduo vive. Sendo este, mais um motivo para tratar o homem, fato social, como objeto. Pois somente assim, é possível analisar como esta coerção feita pelo meio, funciona para "moldar" os indivíduos de uma sociedade.
Contudo, se considerarmos a cultura e educação de toda uma sociedade como frutos de um meio, é notável um grande problema na atualidade. Pois as fontes culturais e educacional estão muito escassas e por várias vezes de baixa qualidade. Ao se observar a educação, nota-se que é sofrível o desempenho de muitos alunos da rede pública de educação, e ainda mais sofrível o nível de leitura dos jovens. Algo que remete a pergunta: Se a sociedade se impõe de forma coercitiva sobre o indivíduo, que espécie de sociedade estamos vivendo na atualidade? Os traços educacionais na atualidade estão muito aquém do esperado. E se estes traços são definidos ou moldados pela sociedade, temos sérios problemas com uma sociedade que não influência sua própria educação de forma positiva. Fato que leva os indivíduos de uma sociedade a não ter uma educação de qualidade, ou de forma construtiva nas próprias escolas.
Ao se passar para o campo cultural na atualidade, tal influência fica ainda mais estranha visto que manifestações culturais e muitas outras partes de toda uma cultura não são propagadas pela mídia. Não tendo uma valorização da própria cultura, em detrimento de vários programas ou atrações que visão apenas regular ou modificar certos comportamentos da sociedade em benefício de poucos. Ou seja, com a mídia moldando a cultura na atualidade afim de se ter um comportamento específico que lhe agrade, e que ajude na coerção dos indivíduos na atualidade.
Assim, ao considerar a tese Durkheim, de que o homem é um fato social, e que este é moldado e construído pela sociedade que lhe rodeia, observamos que a sociedade na atualidade não reflete uma sociedade coesa e que possa influenciar seus membros de forma inteiramente positiva. Pois ao notar que as influências na atualidade não prezam pelo desenvolvimento do homem, mas sim para a sua manipulação por meio da falta de uma educação de qualidade e de raízes culturais fortes, nota-se também uma sociedade que falta com a sua função de formadora de membros ativos e atuantes. Com isto, podemos observar que vivemos em uma sociedade doente.E que é mais coagida que seus próprios membros, por fatores externos a sua competência.
Leonardo de Morais Oliveira Lima - Direito Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário