Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A espera de uma nova onda



Ao analisarmos  o julgamento pelo STF da ADPF 324, Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, que versa sobre a terceirização da atividade fim, sendo favoráveis a tal medida, somos remetidos a que diz o autor Antônio Casimiro Ferreira, em sua obra Sociedade da austeridade e direito do trabalho de exceção, onde ele traça o perfil das medidas que são sistematicamente tomadas contra os direitos trabalhistas e contra o sistema que garantem o minimamente o bem-estar social de uma população vulnerável.
Tais aspectos do processo de austeridade que vem sendo sistematicamente implantado dentro do sistema capitalista, e através do julgamento desta ADPF, será com muito mais força implantada no Brasil, temos o aspecto predatório com que são atacados as garantias trabalhistas e mais, como são atacados os empregos, exemplo crasso disto é a forma como se tem organizado os novos delivery’s de comida, onde jovens trabalham até a exaustão física como entregadores, utilizando-se de bicicletas para tal, para que a empresa possa “vender-se” como uma empresa “verde”, preocupação da sociedade moderna, sem as mínimas garantias trabalhistas, sem que estabeleça vínculos trabalhistas, e sem ter uma remuneração realmente digna que seja suficiente para o seu sustento.
A situação como as descritas no caso dos entregadores de comida e inúmeras outras formas de trabalho que são atingidas por essas desregulamentações se apresentam a população como se fossem inevitáveis, como sendo as únicas alternativas possíveis para a manutenção do trabalho, contudo, não existe estudo que comprove que esta logica esteja correta, que ao se aceitar que as garantias trabalhistas representam entraves as novas formas de organização do trabalho e que deve-se extingui-las para que assim se tenha trabalho.
Devemos lembrar como surgem essas tentativas de imposição de agendas de austeridade econômica e conseguir enxergar que elas se tornam uma agenda de austeridade social e política também, pois isto não é um fenômeno exclusivo do século XXI, já tivemos outras tentativas deste modelo tanto no Brasil como em outros países, em especial na América Latina, tal como foi o caso do Chile durante a ditadura de Pinochet, que instaurara esta política de austeridade econômica e social, através de um governo ditatorial.
Neste ponto, chegamos ao que nos leva a questionar como são instaladas tais politicas de austeridade? No caso brasileiro, tais politicas vem atreladas a um fantasma de crise econômica gerada por um governo que foi ilegitimamente tirado do poder por grupos contrários a politica levada a cabo por este, contudo não tínhamos uma crise ate então, ou seja nossa crise foi de certo modo, gestada para se justificar a implementação de tais políticas de austeridade. Já no caso chileno a implementação se deu muito antes ainda nos anos 80 do século XX, sob a égide do governo ditatorial de Augusto Pinochet, deste modo percebemos que tais medidas de governo tem por base para sua implantação ditaduras, calamidades naturais, caso dos países da América Central, que tiveram a implementação das políticas de austeridade após calamidades naturais, e através de crises econômicas e políticas tal qual no Brasil, que teve mais fortemente implantadas tais políticas após o impeachment da presidente Dilma Roussef.
Entretanto, e finalmente é com esperança revigorada que vemos surgir movimentos contrários a esta austeridade cruel, fruto e motriz deste capitalismo insano que visa única e exclusivamente o lucro, tais movimento de certo modo são reflexo da exaustão e da maneira insana como o povo já foi fustigado por tais políticas, assim ao surgir um movimento de rebeldia da população chilena contra a politica de austeridade, ao ver a eleição de um governo de centro-esquerda na vizinha Argentina contra a politica neoliberal do governo anterior, um governo formado pela frente ampla de esquerda chegar novamente ao segundo turno na s eleições do Uruguai, a vitória de um governante indígena e de esquerda na Bolívia, ainda nos enche de esperança quanto a luta contra este capitalismo que visa ser hegemônico e que é desumano e cruel, assim vendo o povo latino americano lutando contra o capital acreditamos em uma nova onda, uma nova onda de esquerda que venha para lutar, conquistar e garantir os direitos que nos foi retirados e para nos garantir uma vida decente e justa. Com esperança no olhar esperamos uma nova onda.

Cassiano Mendes Cintra   1º Ano de Direito Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário