Eles dizem: Liberdade de aprendizagem, foco para o futuro, maior independência. Eu ouço: Limitação de conhecimento, falta de desenvolvimento intelectual, maquinização do homem.
A reforma do ensino médio propõe a diminuição de disciplinas, algumas sob a escolha dos alunos, com a propaganda de que, então, os estudantes poderão se dedicar às áreas que lhe interessam. Sobre isso, trago algumas reflexões baseadas nas ideias de Descartes e Bacon.
Tais pensadores dedicaram seus estudos ao próprio conhecimento e, mais especificamente, como obtê-lo. Em seus textos, tratam da importância de conduzir a razão, de dar instrumentos à mente, já que, sem preparo e sem devido fundamento, o pensamento humano não chega a lugar nenhum. Para Descartes, quanto maior o conhecimento, menor a ilusão e quanto maior a capacidade de contextualização, menor a idealização, assim como para pensar, é preciso duvidar, e, para duvidar, é preciso conhecer. Ao contrário do que pensam os adeptos da reforma, todo conhecimento tem seu valor, mesmo que seja, no mínimo, para equipar a mente dos estudantes o máximo possível.
É verdade que Descartes e, especialmente, Bacon, se preocupam com a utilidade das ideias, demonstrando uma necessidade de contribuição. Esse aspecto do pensamento de ambos é o que se distorceu na ideia atual de que só é necessário aprender o que for utilizado na carreira futura de cada um, mas, na realidade, os filósofos acreditavam que, em primeiro lugar, o conhecimento é o que gera a necessidade de experiência, sendo preciso obtê-lo antes de haver qualquer contribuição. Além, em momento algum a utilidade do conhecimento foi delimitada ao interesse econômico, o que acontece atualmente. Seria a única função do intelecto favorecer a inserção e a manutenção do indivíduo no mercado de trabalho e a movimentação do capital?
Ademais, se seguido o raciocínio dos pensadores, o ensino médio, em suas bases pré-reforma, já seria limitado, já que é possível constatar que o ensino tradicional não oferece uma visão de mundo abrangente, não oferecendo espaço para indagações. Porém, ao menos, dispõe de um leque mais variado do que o proposto pela reforma, e, já que aprender é batalhar, é crescer para o próximo desafio, por que não aproveitar do máximo possível da estratégia e da força de seus antecessores?
Débora Graziosi Ferreira Ramalho - 1º ano Diurno
Débora Graziosi Ferreira Ramalho - 1º ano Diurno
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