Me impressiona, e consequentemente ganhou atenção para
debate, o absurdo aumento do interesse por Astrologia. De adolescentes aos
novos adultos que iniciam suas carreiras acadêmicas e profissionais, é comum
encontrar aqueles que pautam-se baseados nos astros e o significado dos signos
do zodíaco. Percebe-se claramente a valorização dada aos signos quando torna-se
comum entre certos grupos a apresentação individual ser incrementada com, em
meio a dizer quais cursos e empregos se têm ou se deseja, juntamente dizer qual
o próprio signo como definidor de personalidade.
As
discussões sobre mapa astral, o quanto o modo de agir de cada indivíduo combina
com o próprio signo, significado de Casas, Ascendentes e Planetas sempre foi um
assunto levemente cômico e desimportante para todos aqueles que não se
interessam, e partilhando pessoalmente de tal desinteresse, o que me levou a
discutir foi a dúvida do porquê crescer tanto o apego por esse e outros
misticismos dentro de uma sociedade tecnocrata moderna.
Com o
grande avanço do cientificismo e a valoração de tudo que for dito como lógico e
comprovado através de seus métodos, seja de forma racional através da linha
cartesiana ou empiricamente com fundamentos no inglês Francis Bacon, sendo o
cientificismo fundamental na construção de uma existência capitalista ao apoiar
os avanços dos métodos produtivos em uma sociedade que passa a deslegitimar
atitudes que não forem confirmadas como úteis e produtivas – daí advém-se por
exemplo o descaso com as ciências dadas ao “pensar pelo pensar”, como algumas
áreas específicas dos estudos ligados a humanidades – esperava-se o mundo
culminando em um estado que renegasse tudo que for místico e não comprovado de
forma linear clara. Inesperado foi encontrar o aumento do misticismo e de
pseudo ciências que agem de formas não tradicionais e muitas vezes contrárias
aos métodos científicos aclamados desde Descarte e Bacon, como a astrologia, a
homeopatia e as crenças adaptadas e não bem definidas daqueles que não seguem
estritamente uma religião e seus dogmas e nem abandonam completamente a crença
no divino e sobrenatural com o ateísmo.
Pensando
e discutindo sobre, o que mais perto pude rapidamente concluir como causa para esse avanço
foi ele ser uma possível resposta coletiva inconsciente ao cientificismo de
nossos pais. Viu-se o mundo perecer pelas mortes causadas aos milhões pelos
avanços bélicos da ciência moderna, e desacreditados tanto da fé irracional como
do cientificismo imaculado de sentimentos, surgem esses pequenos surtos de
misticismo entre os homens. Um meio termo que particularmente me lembra Aldous
Huxley e seu universo criado em Admirável mundo novo, onde combina a ciência capitalista
e uma religião industrial inventada em um futuro distópico, trazendo a dúvida
se esse pode ser, com devidas proporções, o rumo para qual estamos caminhando.
Daniel Chaves Mota - 1º ano de Direito (noturno).
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