Utopia
hoje, carne e osso amanhã.
O racionalismo
predominante na ciência moderna surgiu com as ideias de Descartes, que, seguido
de muitos outros filósofos, como Francis Bacon, revolucionaram ao contrariar a antiga ciência,
proveniente do pensamento grego, e também os padrões da igreja Católica e assim
estabelecer novos moldes de pensamento, esses vigentes atualmente.
Essa forma de pensamento
trouxe, certamente, muitos avanços relacionados as ciências exatas, como no
ramo tecnológico, haja visto que, a ciência moderna além de ser totalmente
sistematizada, busca também simplificar ao máximo o complexo a ser estudado,
para facilitar sua determinação. Contudo, essa ciência, quando vinculada as
ciências sociais, acaba por deixar muitas lacunas no conhecimento, como Max Weber
escreveu, a generalização do objeto de estudo no campo da sociologia ao gerar o
"tipo ideal" ignora que não existem tipos ideais e a realidade é
muito complexa e profunda para ser sintetizada tão drasticamente, portanto
qualquer conclusão gerada a partir dessa é superficial.
Temos como exemplo do tipo ideal de Weber a própria democracia, que é o
sistema político que predomina de diversas formas no mundo e não passa de um
tipo ideal, muito dos seus valores, como os de liberdade e igualdade, previstos pelo
sistema democrático, de fato não existem, e o próprio sistema não funciona como
foi suposto fato esse facilmente exemplificado pela situação política brasileira com a crise do sistema judiciário
e o vigente presidencialismo de coalizão. Tal exemplo se insere na atual crise
do paradigma da modernidade, onde o pensamento científico e filosófico contemporâneo
se mostra vago e ilimitado ao sistema racional, quando tipos ideais se mostram
desvendados por conflitos reais que o perpassam.
Fica evidente que, assim como na época em que Descartes viveu a ciência
vigente não contemplava mais as necessidades da sociedade, na contemporaneidade,
a ciência moderna vem deixando, cada vez mais, de contemplar, principalmente
nos ramos das ciências sociais, a realidade e suas novas demandas. Portanto, há
a necessidade de se forjar uma nova ciência, essa necessariamente, com maior
amplitude, admitindo e analisando a vasta gama de variações existentes dos
atuais "tipos ideais'' para assim desenvolvermos maiores avanços nas ciências
sociais, tanto quanto a tecnologia e as ciências exatas puderam avançar com a ciência
moderna. Assim como foi para Descartes e como escreveu o romancista Vitor Hugo,
utopia hoje, carne e osso amanhã.
Catherine R. Loricchio - 1° Ano- Diurno
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