Analisando as obras escritas
por René Descartes e Francis Bacon torna-se notório que suas ideias são o sustentáculo
da Ciência Moderna, do pensamento da modernidade. Embora os autores divirjam em
diversos aspectos de suas ideologias filosóficas, ambos possuem a mesma base de
pensamento, a razão. E desse modo criticam os filósofos antigos por sua mera
filosofia especulativa, para Bacon e Descartes se faz necessário racionalizar
para alcançar o real conhecimento. Contudo, existem alguns obstáculos que
impedem sua obtenção.
Para Bacon as barreiras são os
ídolos, que influenciam o pensamento e geram erros e enganos no conhecimento.
Já Descartes enxerga uma facilidade do homem em ser influenciado por ideias
alheias, que são rapidamente retidas e propagadas como verdades absolutas, não
havendo questionamentos acerca da veracidade dessas ideias, as convicções do
homem o impedem de alcançar a verdade.
É possível traçarmos um
paralelo entre essas barreiras com a dificuldade de pessoas com ideologias
distintas de dialogar, ou até mesmo debater, na sociedade atual, fato que fica
escancarado, por exemplo, pela crise política que estamos presenciando. Grande
parcela da população consiste em pessoas imersas em seus diversos dogmas, com
convicções e opiniões que para elas são irredutíveis. Aqueles que pensam o contrário
são praticamente inimigos, e nada que estes digam é verdadeiro ou faz algum
sentido. O problema está no fato de que muitos “ouvem” somente um lado, não
buscam uma contradição ou um outro ponto de vista, se assemelhando às torcidas
organizadas em estádios de futebol, cegas pelo fanatismo.
Isso está bem claro nesses
tempos sombrios que presenciamos no cenário da política brasileira, em que
grupos que defendem “Partido A” e grupos que defendem “Partido B” não conseguem
dialogar de maneira amistosa, pois as opiniões estão enraizadas na mente,
podemos dizer que de certa maneira fazem parte destas pessoas, e quando suas
ideias são colocadas em questionamento elas se sentem ofendidas e procuram se
defender e defender sua crença, atacando sem o menor raciocínio, sem a menor
dúvida, aqueles que colocam seus ideais à prova.
Tanto Descartes ao afirmar que
para alcançar a verdade científica se faz imprescindível vencer as próprias
convicções e separar as paixões pessoais, quanto Bacon ao dizer sobre a
importância da superação dos ídolos da Tribo, da Caverna, do Fórum, do Teatro,
estão oferecendo a solução para um verdadeiro diálogo em busca do conhecimento
real. Mostrando que é necessário se despir de toda crença, estar de “peito aberto”, pois somente
com o questionamento, com a dúvida a respeito das próprias convicções é que
será gerado um diálogo verídico na procura da verdade, sem qualquer agressão
ou ofensa, colocando de lado a emoção e prezando pela razão.
Diego Gaspar; 1° Ano de Direito, Matutino.
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