Guiada pela razão e a experiência, a ciência moderna se
pauta na neutralidade. Tendo seus pilares firmados por nomes como René Descartes e Francis Bacon, busca-se tornar o conhecimento científico instrumento capaz de
transformar a realidade humana.
Entretanto, como alcançar a total neutralidade principalmente
nas ciências humanas e sociais que tem por objeto de estudo o homem e toda a
sua subjetividade? Certamente a teoria de Bacon e Descartes trouxeram grandes
avanços para a sistematização que viabilizou todo o conhecimento o qual se tem hoje,
porém a neutralidade ainda pode ser discutida. Cada rumo que toma uma pesquisa,
ou cada linha que um pesquisador desenvolve tem em si uma cultura e um ponto de
vista impregnado. Como pode o pesquisador se despir de todas as suas convicções
a fim de promover um conhecimento que seja condizente com a realidade?
Notoriamente a ciência moderna ganhou ares de praticidade, e
a grande contemplação da existência humana tornou-se prática e efetiva, através
da construção de um conhecimento cumulativo e despersonalizado. Mas, veja bem,
qual a finalidade de pesquisas científicas do século XIX que fundamentavam
biologicamente o racismo? Como justificar a homossexualidade listada como
doença ainda no século passado? É interessante notar que nesses exemplos o
conhecimento científico, mesmo que sistematizado e supostamente neutro,
refletiu os pensamentos e opiniões da sociedade da época.
Logo, reconhecendo a importância da existência de métodos e
sistematizações científicas que elevem o conhecimento humano a graus cada vez
mais altos, faz-se necessário também reconhecer que a neutralidade não é um
ponto tão simples de ser alcançado. Admitindo-se que o ser humano é incapaz de
olhar o mundo sem que sua visão esteja embaçada pelas lentes de suas
experiências pessoais, a total imparcialidade da ciência é questionável. E
questionável, porque também não se pode afirmar que não exista. Destarte, as
conclusões são poucas e os questionamentos são vários.
Daniela Cristina de Oliveira Balduino, 1º ano - Diurno
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