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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Maravilhas modernas

    Selma era uma mulher que sofria de uma insônia tremenda, passava noites em claro e procurava desesperadamente por ajuda, acreditava que a solução seria um remedinho que sua amiga usava “tiro e queda”. Consultou-se em um médico que lhe disse que dormiria como um bebê; ela conseguiu dormir, mas também passou a ter palpitações no coração, sentia-se por vezes irritada, começava a ter pensamentos suicidas e já não conseguia dormir mais sem o milagroso remédio.
    José Carlos era proprietário de uma padaria requintada em uma região nobre de sua cidade e já não aguentava sofrer tantos assaltos em seu estabelecimento; também não suportava quando entrava um gay na sua padaria, tinha certeza que era de outro lugar da cidade e logo fechava a cara no antedimento, achava que “aquilo” não era normal; lia nos jornais e assitia no noticiário, todos os dias, o discurso daquele político “mito” que dizia que “bandido bom é bandido morto”, “os gays são uma aberração” e que se fosse eleito presidente, todos poderiam ter uma arma para se defender. As pesquisas mostravam que esse político tinha chances de ganhar.
    Bia era apaixonada por seu smartphone, jamais desgrudava dele, postava fotos de suas viagens, do seu cachorro e até do que ia comer no almoço, comentava postagens de seus amigos, compartilhava correntes e vídeos; se gabava por ter o aparelho com tecnologias de última geração e ser o mais caro do mercado.

  Todos eles estavam imersos nas “grandes maravilhas” que a ciência moderna havia lhes proporcionado, mas não se davam conta de que essa mesma ciência causava pessoas doentes, intolerantes e fúteis, e que, se por algum momento desconfiassem das inúmeras “verdades” que nos contam diariamente, talvez não se deixassem manipular tão facilmente.

Douglas Victor de Oliveira 1º ano de Direito (noturno)

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