Chego no museu, onde muitos homens antes de mim vieram, e
milhares de outros ainda estão por vir. Parado, em pé, de fronte aquela linda
parede, onde podia observar apenas parte, somente meu angulo de visão, daquela
obra de arte, admirando aquela beleza estonteante chego a baquear, aquelas
luzes, que se dividem em um prisma, origirando milhares de cores, causam
diferentes sensações, impressões. Me impressionam, me encantam, me apaixonam,
me seduzem, me cegam, me iludem. Me fixam. Me sinto como um ímã, atraído em
direção aquela imagem, a aproximação parece inevitável. Creio ter passado
horas, dias, meses, a observar e me extasiar com aquela visão, tão plena, tão
perfeita. Quando finalmente voltei em mim meu primeiro pensamento foi satisfazer
minha vontade louca de ver aquilo mais de perto, e ali permanecer. Quando, de
súbito um estranho pensamento me vem a mente: uma curiosidade, espreitando pela
experimentação de dar um passo pra trás, e descobrir se há mais para ser visto
de longe. Meu primeiro impeto, é claro ignorá-lo, mas a persistência da duvida
sutilmente me ganha. É necessário uma força sob humana para controlar meu corpo
e move-lo para trás. E finalmente, perceber diferentes elementos e formas que
transforma totalmente aquilo que via, e novamente me deslumbrar.
Conhecimento, para mim, é estar em um museu, olhando um
quadro que abrange todo o meu angulo de visão, e se encantar, se admirar, se
deleitar com aquilo. Neste momento você tem duas escolhas: se aproximar para
poder observá-lo mais de perto, ou abnegar, com muito esforço, as
minuciosidades da pintura e dar um passo para trás. Para então perceber que seu
ângulo de visão aumentara e agora novas pinceladas de cores, e o arco-íris
invadem a tela, como que transformando toda a obra. Neste museu, o caminho do
conhecimento são passos para trás. É ter a coragem, a ânsia e a força para
duvidar e conhecer o novo, sem se apegar ao conhecimento presente. É ter
humildade de sempre descrer de si. Caminhar para frente no museu é acreditar
que aquilo que se vê é a única pintura existente, é estreitar cada vez mais sua
visão e desta maneira perder a imensidão que o aguarda.
Maria Theresa 1 Diurno
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