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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Pressões

A religião sempre impôs muitas coisas, pelo menos no ocidente. A religião católica, por exemplo, desde a idade média nos impõe moralismos e regras que acabam penetrando a realidade de tal forma que mesmo pessoas não religiosas ou praticantes de outras religiões são afetadas e acabam seguindo esses moralismos, às vezes sem saber de onde vieram, como se aquilo fosse uma lei natural que existisse desde sempre e fosse essencial para o funcionamento da sociedade. Os exemplos são muitos, entre eles estão a monogamia e os pudores com relação a sexo e sexualidade.
Talvez isso seja mais nítido com relação à Igreja católica, mas Weber, em seu livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo" mostra como os valores da igreja protestante, principalmente a calvinista, influenciaram no capitalismo que conhecemos hoje, bem como, por conseguinte, no modus operandi pessoal da vida de muitos, às vezes sem a própria compreensão da pessoa sobre isso, agindo "no automático" e estando suscetível a males da sociedade moderna.
Para entender como isso ocorre, devemos levar em conta que o protestantismo prega que o trabalho e a riqueza material mostram o quão abençoado um indivíduo é, e quanto mais rico e trabalhador esse indivíduo fosse, maiores as chances de se perceber que seria salvo. Assim, os protestantes acabaram trabalhando excessivamente, criando involuntariamente uma concorrência enorme, que levou até os não protestantes a precisarem trabalhar no mesmo ritmo se quisessem se manter no mercado.
Além disso, por o protestantismo ser muito difundido nos Estados Unidos, e por o trabalho excessivo dos protestantes acabar contaminando todo mundo que quisesse sobreviver no mercado, uma grande parte da ideologia protestante passou a ser incorporada como verdade na cultura americana. O maior exemplo disso é a conhecida "Tempo é dinheiro", de Benjamin Franklin.
O protestantismo, portanto, acabou sendo um combustível para o desenvolvimento do capitalismo como conhecemos hoje. Por isso, hoje, muitos indivíduos que não tem qualquer contato com o protestantismo levam em seu âmago sua ideologia.
Ao meu ver, o fato da sociedade atual ter por base o capitalismo já é motivo o suficiente para a maioria das pessoas se esforçarem em seus trabalhos. Mesmo sem crer no protestantismo, muitos acabam sofrendo das doenças da modernidade, stress, insônia, ansiedade e tudo mais que as anteriores podem levar, como gastrite e problemas cardíacos. Então, na minha visão, professar a fé protestante acaba sendo uma decisão sádica atualmente, quando em conjunto com as pressões do modo capitalista de produção.
Nesse sentido, hoje, talvez até melhor que não crer em nada, seja crer naquilo a que o protestantismo se opunha, as religiões que pregam a fuga do mundo, para evitar sucumbir a uma segunda pressão além dessa inevitável criada pelo modo de produção vigente, que faz suas vezes de religião pelo fervor de alguns em seguir seus "dogmas", uma vez que, para os que seguem verdadeiramente sua respectiva religião, há uma pressão extra de agir corretamente pela ética no qual ela foi criada, ou pura e simplesmente para ser salva. Diretamente, talvez isso não seja o melhor para o capitalismo, mas o é para a saúde de cada indivíduo, o que pode significar uma melhora na produtividade individual, o que, pasmem, favoreceria o capitalismo.

Rafaela Gonella - 1º ano Direito matutino 

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