A construção social estamentada
em classes sociais já foi um tema muito explorado por Marx sob uma perspectiva
econômica. A partir do princípio das relações econômicas a sociedade se divide
entre aqueles que são subordinados e aqueles que oprimem. Webber, no entanto,
traz para nós uma óptica fundada no indivíduo, pois acredita que os valores
podem se dar apenas no âmbito específico das relações interpessoais, o que
norteia, portanto, a discussão para a esfera cultural.
Dada estas circunstâncias,
a relação de cada indivíduo baseia-se no nível de identificação que ele tem
para com o outro e de como ele enxerga sua posição dentro da sociedade. Isso
interfere na ação desse sujeito histórico-social e na capacidade do mesmo de se
colocar como tal dentro dos parâmetros sociais. Uma vez que uma pessoa não se
identifica culturalmente com seus semelhantes de nada pode chamá-los como tal,
implicando numa relação de descaracterização de subordinação estrutural econômico-social
no imaginário destes indivíduos.
Dentre os exemplos que
poderiam aqui ser citados, um de grande importância e de amplo valor cultural é
o sentimento de “vira-latismo” que acomete grande parte dos brasileiros. Esse
termo, cunhado para designar essa sensação de que a cultura de outras
sociedades – e aqui, vale lembrar, fala-se de países cujo desenvolvimento
econômico se deu pela exploração de outras nações, o que os coloca numa posição
privilegiada dentro da dinâmica mundial – é melhor ou mais bem desenvolvida que
a nossa.
O primeiro fator de risco
ao realizar tal análise é o de comparar culturas. Comunidades sociais não se
desenvolvem no mesmo ritmo, ou pelos mesmos meios, ou, até mesmo, pelos mesmo
propósitos. Portanto, comparar culturas diferentes, que nasceram e se
desenvolveram de formas diferentes, as hierarquizando é, no mínimo, imprudente.
Tendo isso em vista, tal hierarquização coloca novamente nossa nação numa
posição subalterna e isso é feito, justamente, pelas próprias pessoas que as
compõem, evidenciando a identificação do nosso povo com a classe opressora e
não com a classe subordinada, à qual realmente pertence.
É, portanto, necessário
reavaliar esse espectro de subordinação cultural imposto à nós. Essa síndrome “vira-latista”
é mais uma forma estruturalmente encontrada para que nós mesmos nos coloquemos
em uma posição de inferioridade e não possamos nos identificar com nossas
próprias raízes culturais, tornando essa opressão muito mais fácil e fluida.
Marina Ribeiro Christensen
1º Direito Noturno
Turma XXXIV
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