Analisando as disputas
políticas pautas no século XXI, percebe-se que a complexidade dos fenômenos e
dos debates vai muito além do que seria previsto analisando somente as
condições matérias entre as classes, pois apesar das disputas econômicas e a luta
de classes ainda serem o âmago da compreensão da realidade, os direcionamentos
que tomam os diversos fenômenos sociais precisam de um olhar a mais, sendo
nesse contexto de grande importante resgatar Weber para compreender a
totalidade da realidade.
O desenvolvimento do capital
e a ascensão da burguesia que se da pelo fato da posse da terra não ser mais a
base da estrutura econômica, e sim as relações de comercio e posteriormente a indústria,
explica a dinâmica das relações de poder e de muitas relações culturais, mas
essas relações também adquiriram uma dinâmica própria com um lastro que dispõem,
inclusive, de uma relativa independência.
Na periferia, onde se
encontra o estrato que mais sofre as mazelas do capitalismo, temos uma
ideologia crescente e já majoritária onde predomina o discurso neoliberal
ancorado na meritocracia, onde o trabalho e o empreendedorismo que remete a uma
visão calvinista da vida e do mundo sustentada pela visão historicamente construída
por discursos como o tipo ideal do American
way of life (Como resultado prático dessa conjuntura temos a vitória de
Doria nas regiões periféricas do município de São Paulo), paralelamente com a
visão conservadora e fundamentalista que remete a uma pseudo-ideologia cristã, que
tem um lastro ainda mais independente, pois esta não colabora com o sistema de
acumulação como aquela, e que ganha corpo com discursos nacionalista neofacista
representado na figura de Jair Bolsonaro.
Do outro lado, à esquerda,
depois do fracasso do projeto Petista, cada vez mais concentrada na academia,
abraça cada vez mais pautas de gênero e sexualidade, que por mais que sejam de
uma enorme importância, fogem do mantra materialista marxista, sendo que
inclusive já são apoiadas por setores da direita, que com o intuito de manter a
legitimidade perante as minorias que avançam no campo social, aderem ao seu
discurso, porém sem apoiar grandes reformas que lhe garantem direitos.
Por mais que o materialismo
seja fundamental para entender o mundo, a esquerda precisa entender as dinâmicas
vão além dele, pautadas muitas vezes em um tipo ideal construído culturalmente
e sustentada em uma legitimidade que é constantemente disputada.
Eduardo A. M Souza
1° Direito Noturno
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