É fato conhecido
historicamente que a Igreja Católica, desde muitos séculos atrás, rege as
relações sociais e o modo de vida de muita gente. Porém, apesar de toda a sua influência
e o poder que sempre exerceu diante de boa parte da sociedade, o maior sistema
presente na atualidade teve como um de seus pilares outra religião diferente do
catolicismo. Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber afirma
a reforma protestante como uma das bases para a consolidação do pensamento capitalista,
até hoje muito difundida e servindo para a manutenção desse sistema e de suas
estruturas, além de suas consequências sociais extremamente duras e
questionáveis. O sociólogo nos explica como se dava a interpretação do trabalho
para as crenças católica e protestante. Para a primeira, o trabalho seria nada
além de um meio de subsistência, condenando a acumulação de capital; para a
segunda, o trabalho era muito mais que uma fonte de renda, mas sim um “espírito”,
aquilo que deveria guiar as ações sociais, supervalorizando o trabalho e
desvalorizando o ócio. Divergindo, mais uma vez, do catolicismo, o protestantismo
não enxergava a “salvação do homem” como mero resultado da fé e das boas ações;
acreditava que isso não estava ao alcance de Deus ou dos homens, mas que os
seres estariam predestinados ou não para a salvação divina. Entretanto, eles
passaram a enxergar a ética do trabalho como um meio de garantir sua salvação,
e fizeram dela o seu espírito de vida.
A relação que podemos
estabelecer com os dias atuais é o impacto que essa “ética do trabalho” no sistema
capitalista causou na sociedade. Atualmente, as pessoas têm um ciclo de vida
pré-definido: nascer, estudar, trabalhar e morrer. Obviamente, cada indivíduo
tem seu direito de escolha, mas cabe questionar até que ponto o trabalho é
saudável para alguém, visto que cada vez mais cresce a quantidade de pessoas
que necessitam de ajuda psicológica, de medicações para tudo (dormir,
permanecer acordado, ter maior rendimento e etc). As consequências disso tudo
nem sempre são saudáveis: muitas pessoas com depressão, muitas pessoas
infelizes com o trabalho e seguindo uma carreira visando apenas ao retorno
financeiro, jovens que nem saíram da faculdade e já sentem os impactos da
pressão neles colocada desde cedo. A grande crítica a essa parte da estrutura
capitalista é a forma como ela robotiza os seres humanos e pode até mesmo
adoecê-los nesse jogo de tempo x dinheiro. Vive-se em uma sociedade enferma,
cega pela riqueza e pela acumulação, deixando de lado o principal sentido da
vida: viver.
Kelly Akemi Isikawa - 1º ano/diurno
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