Intervenção Estatal: racionalização
da vida
coletiva ou submissão a uma minoria?
Segundo Marx Weber, o Direito é um
instrumento pelo qual as classes dominantes – entendidas como um conceito
abrangente, abarcando aspectos financeiros, políticos e culturais; e não
reducionista, como ensinava Marx – legitimam seu poder, de modo que sob o
argumento de racionalizar a vida em sociedade, por meio das normas jurídicas –
estas consideradas a maior expressão da razão, da ciência, da imparcialidade –
elas estão, na verdade, mantendo seus domínios econômicos, sociais, políticos e
etc.
Uma dessas formas de dominação
observada é a “dominação legal”, pela qual a obediência às autoridades e ao
quadro administrativo – um nome mais “chique” dado à burocracia – decorre de
consentimento tácito às normas, e não por vontade própria, visto que tal
sistema burocrático ( instituições, autoridades, órgãos, regulamentos) é
soberano porque “representa” melhor o interesse do povo, nas suas mais diversas
pluralidades, e somente ele consegue “ordenar” o convívio social para um progresso
“racional”.
Aí em que reside uma grande
falácia e ao mesmo tempo um grande tabu: o Estado como melhor dirigente da vida
social e do progresso nacional, pois apenas por meio das suas empresas estatais
e órgãos administrativos é que o pais irá se desenvolver e chegar a tão sonhada
“justiça social”. Por isso, qualquer hipótese ventilada de privatização de
empresas e de extinção de órgãos já gera bastante gritaria; debates confusos,
movidos mais por paixões do que lógica, e um pânico, muitas vezes pouco fundamentado,
por temer um “retrocesso” socioeconômico.
Contudo, é notável que as empresas
estatais e diversos órgãos burocráticos, ainda mais ultimamente, subsistem mais
para arrancar – com extrema facilidade –
o dinheiro suado do contribuinte, do que
conduzir a um desenvolvimento social. Além disso, são formados, em sua maioria,
por uma série de burocratas aloprados, com altíssimos salários e privilégios, mas
que não têm conhecimento algum para sua função, e só estão lá por alguma
indicação política (terreno fértil para conchavos partidários), cujos objetivos
da sua nomeação, geralmente, são obscuros e espúrios, a fim de auferir
ilicitamente diversas vantagens financeiras para si e para a corja político que
o indicou. Vide por exemplo a Petrobrás, cuja diretoria era escolhida por
partidos políticos para que desviasse a maior quantidade de recursos disponíveis,
visando abastecer as campanhas eleitorais. E, devido a isso, teve sucessivos
prejuízos financeiros, que estão sendo “recuperados” pelo aumento exorbitante
do preço do combustível, pagos pela população...e cujos efeitos são mais
sentidos pelos cidadãos mais humildes...
Também, com muito poder decisório
nas mãos e pouca responsabilidade, os burocratas podem ditar os rumos da nação,
a seu bel-prazer, com uma “canetada”, sem consciência alguma sobre as decisões
tomadas e os efeitos causados, como se o país fosse um protótipo virtual da
vida real, o qual, se não der resultado, basta reiniciar o jogo que tudo estará
bem novamente e corrigido, como um The
Sims, por exemplo. Assim, não é incomum observar medidas desarrazoadas e
desproporcionais tomadas, algumas sem base técnica ou científica nenhuma, para
justificar uma deliberação adotada, a exemplo da Lei da Informática, idealizada pelo Ministério da “Ciência e
Tecnologia” da época, que sob o pretexto de fomentar a produção tecnológica
nacional, impediu a importação de computadores. Como se o nosso “atraso”
tecnológico fosse resolvido impedindo a entrada de insumos tecnológicos!! Só na
cabeça desses paspalhões, mesmo!! Assim, o Brasil só entrou na era digital no
final dos anos 90, quando os artigos que vedavam a importação tecnológica foram
derrubados, gerando um imenso prejuízo tecnológico, fazendo-nos perder
eficiência, progresso e agilidade, pois enquanto em outras nações o uso do
computador era habitual, na terra dos tupinambás o seu uso era algo de luxo,
restrito às classes altas...banda larga então?! Até hoje só é realidade em
grandes cidades do país, mantendo excluída mais ainda a população carente da
era digital, por causa de uns burocratas “visionários”...
Portanto, caro leitor, como se
pode observar, a manutenção de diversas estatais e órgãos administrativos,
reguladores, tem nada de racional, progressista e imparcial; ao contrário é só
mais uma forma de denominação, explicada memoravelmente por Weber, para
perpetuar a dominação de uma elite administrativa e política, que sob o
argumento de “desenvolvimento socioeconômico” “igualdade social”, “proteção
nacional”, ludibria toda uma população, para que aceite a sua submissão diante
de uma minoria oligárquica, legitimando assim domínio desta, o seu controle
absoluto, a manutenção dos seus altos salários e privilégios, e a concentração da
riqueza na mão de poucos e impedindo que o grosso da população se desenvolva social,
econômico, cultural e tecnologicamente, por meio de empecilhos burocráticos
trajados de “interesses da república”. Além de que é costumeiro ver essa elite
administrativa e política ficar de joelhos diante da elite financeira, quando
na verdade a intenção de sua existência –
pelo menos a que eles se propõem –
é coibir os abusos financeiros e promover a justiça social. Então,
confidente leitor, se você quer ter uma vida mais justa, desenvolvida e livre,
que tal começarmos questionando a intervenção estatal na nossa sociedade?
John R. Angelim Novais. 1º Ano Direito - Noturno.
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