Aos 25 anos já
acumulava três empregos deixados para trás. Nos dois primeiros foi ultrajada
por condições subnormais em ocupações degradantes devido à intensidade colocada
dentro das oito horas de trabalho. A formação técnica, os cursos profissionalizantes
e até a graduação à distância não fizeram com que, agora, fosse protegida do
ingresso à informalidade para complementar – ou suplementar – a renda que, em
meses fortuitos, era recebida pelos “bicos” de cerimonialista. Apesar da
sensação de tocar a vida com uma má qualidade, assombrada pela insegurança
laboral, continua a viver às sombras de um consumismo e de uma saciedade
imediata de suas vontades. A idealização do lugar em que deveria ocupar,
intangível para ela e para grande parte dos que compõe esse tecido precarizado,
é una. A vontade política, amansada por anos de social-democracia representativa
e longínqua, petrificou seu âmago de mudança, o qual se traveste de manifestações
pitorescas e inaudíveis cunhada no senso comum que grita: “Não há mais
alternativas”.
Precariado.
Termo cunhado por Guy Standing, é o nome dado a esse contingente incontável de
pessoas, em sua maioria jovens adornados de diversos cursos, especializações,
que adentram num mercado trabalho de condições espoliantes e alta carga de
serviço, sendo estes, muitas vezes, afrontados em relação aos seus direitos
sociais. Seu cerne, em suma, é a condição de frustração frente às
respectivas não-realizações que estavam calcadas em seus planos das ideias e
planos de vida, sentimento de uma promessa quebrada em relação àquilo que lhes
era prometido desde crianças.
A proximidade
da palavra “precariado” de “proletariado”, e sua própria caracterização, não é
mera perfumaria do autor. Como uma ramificação da segunda, o criador da palavra
buscou caracterizar um novo momento laboral em ascensão na contemporaneidade que,
alheio da dicotomia viciada que explicações marxistas tomaram com o desenrolar
do tempo – embate entre burguesia e proletariado –, compreende, em muito, as
nuances que essa condição proporciona na camada por ela abarcada. Dentro do
espectro de Durkheim, o que se procura abordar, principalmente, é a modificação
da função do fato social – nesse caso a nova condição dos trabalhadores
adaptada ao mundo atual – através do tempo, sem a perda de sua aparência
exterior. Nesse sentido, apesar de analisar a funcionalidade do termo cunhado,
vê-se, formalmente, ser aberta a justificativa dialética histórica e transmutada a diversos assuntos da realidade sem o devido pesar. Para quem lê o
termo precariado, as causas que o explicam tornam-se adaptadas a um modelo
assentado para tornar anômico um corte específico de indivíduos frustrados,
ressentidos e já adsorvidos pelos jocosos excessos neoliberais.
Leonardo Henrique de Oliveira Castigioni
1º Ano Direito - Noturno
Leonardo Henrique de Oliveira Castigioni
1º Ano Direito - Noturno
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