No último domingo tivemos a
exibição da sensação musical do momento, Pabllo Vittar, uma drag queen que vem
tendo uma ascensão meteórica pelas suas musicas e performances cativantes, em um dos mais tradicionais programas da
televisão brasileira. A exibição vem em um momento em que já ocorrem beijos
LGBTs em folhetins da TV aberta e as campanhas publicitárias tradicionalmente
misóginas e heteronormativas tentam passar uma mensagem de acolhimento às
pautas progressistas de direitos humanos.
Não pode se negar que essa
mudança radical da postura da mídia em relação aos grupos de opressões constitui
de um avanço, pois, resgatando Durkheim, essa mudança teria um intuito adaptativo
a fim de evitar a anomia e exerceria um poder coercitivo na sociedade, que de
fato vem ocorrendo de forma superficial, visto que a aceitação das minorias é
um tanto maior que anteriormente.
Todavia, paralelamente a
essa realidade superficial, o Brasil é o pais que mais mata pessoas trans no
mundo, os números de casos de violência contra mulheres continuam alarmantes, e
todo dia jovens, em sua maioria negros, fardados ou não, morrem a tiro na
periferia. Uma realidade oposta à imagem que a mídia tenta construir apesar do
fato de esta, em seu cerne, ainda reforçar uma lógica conservadora, como fica
em evidência nos jornais sensacionalistas de final de tarde, de outras
instituições, que por sua vez, também apresentam suas contradições.
Esse contorcionismo das instituições
se mostra altamente comprometido com o conservadorismo, dando uma
superficialidade progressista a uma estrutura conservadora a fim de manter a
coesão social.
Porém, e peço desculpas ao
interlocutor por esse ultimo parágrafo que explicita minha visão materialista,
por mais que Durkheim ofereça um rico subsídio para compreender toda essa
realidade, não posso deixar de ressalvar que por traz de todas essas relações
há toda uma dinâmica econômica preocupada em manter as relações de modo que
seja possível maximizar a acumulação de capital.
Eduardo Augusto de Moura Souza
1° Direito Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário