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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Contorcionismo Conservador


No último domingo tivemos a exibição da sensação musical do momento, Pabllo Vittar, uma drag queen que vem tendo uma ascensão meteórica pelas suas musicas e performances cativantes,  em um dos mais tradicionais programas da televisão brasileira. A exibição vem em um momento em que já ocorrem beijos LGBTs em folhetins da TV aberta e as campanhas publicitárias tradicionalmente misóginas e heteronormativas tentam passar uma mensagem de acolhimento às pautas progressistas de direitos humanos.

Não pode se negar que essa mudança radical da postura da mídia em relação aos grupos de opressões constitui de um avanço, pois, resgatando Durkheim, essa mudança teria um intuito adaptativo a fim de evitar a anomia e exerceria um poder coercitivo na sociedade, que de fato vem ocorrendo de forma superficial, visto que a aceitação das minorias é um tanto maior que anteriormente.

Todavia, paralelamente a essa realidade superficial, o Brasil é o pais que mais mata pessoas trans no mundo, os números de casos de violência contra mulheres continuam alarmantes, e todo dia jovens, em sua maioria negros, fardados ou não, morrem a tiro na periferia. Uma realidade oposta à imagem que a mídia tenta construir apesar do fato de esta, em seu cerne, ainda reforçar uma lógica conservadora, como fica em evidência nos jornais sensacionalistas de final de tarde, de outras instituições, que por sua vez, também apresentam suas contradições.

Esse contorcionismo das instituições se mostra altamente comprometido com o conservadorismo, dando uma superficialidade progressista a uma estrutura conservadora a fim de manter a coesão social.


Porém, e peço desculpas ao interlocutor por esse ultimo parágrafo que explicita minha visão materialista, por mais que Durkheim ofereça um rico subsídio para compreender toda essa realidade, não posso deixar de ressalvar que por traz de todas essas relações há toda uma dinâmica econômica preocupada em manter as relações de modo que seja possível maximizar a acumulação de capital. 

Eduardo Augusto de Moura Souza
1° Direito Noturno

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