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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

As mesmas pessoas

A sociedade, por substância, é formada e constituída pelos indivíduos e todo o meio social que o abrange e o influencia. Esses indivíduos nascem sem nenhuma influência, mas tornam-se o que são por estarem inseridos em um meio que os molda para adaptar-se àquela rotina, àquele estilo de vida.  
Cada sociedade tem suas especificidades de acordo com sua cultura local, com sua geografia, com sua história, com suas crenças e afins. Dando enfoque na nossa cultura predominante, a ocidental capitalista tecnológica e científica, vejamos só: essa sociedade prega o consumo como sinônimo de felicidade, a competição exacerbada justaposta ao ideal de meritocracia como determinante para sua vida profissional e pessoal, e o medo de não ser produtivo, não ser útil, e, consequentemente, ficar à margem de todos como meio de chantagem inconsciente para que o gado mantenha sua trilha penosa mas necessária. Dessa forma, as pessoas nascem e crescem aprendendo que têm que ir pra escola para estudar e ser o melhor, pois só assim terão recompensas dos pais. Nascem e crescem pensando mais nos bens materiais do que na importância verdadeira das coisas. Nascem e crescem com seus pais tendo que dar mimos para que tenham migalhas de prazer material. Aprendem, na escola, que têm que respeitar o professor, agir de acordo com as ordens, pois, senão, terão árduas consequências. Por fim, a escola está preparando as pessoas para a vida. Condicionando-as para que adaptem-se e moldem-se precisamente aos ideais necessários ao funcionamento pleno do capitalismo. No futuro, essas mesmas pessoas, ao estarem nervosas ou estressadas, irão ao shopping comprar uma migalha de prazer pensando que isto vai a acalmar ou resolver algo. Essas mesmas pessoas vão odiar o outro no seu local de trabalho, pois aprendeu que tem que ser o melhor, que tem que competir com o outro, tornando, assim, o ambiente hostil, estressante. Essas mesmas pessoas, se em condições desumanas, não contestarão o sistema político e econômico em que vivem. Ela contestará a si mesmo, rotulando-se pouco produtiva, pouco útil, e por isso pobre. Pois aprendeu devidamente que o que determina a posição social é o mérito. Essas mesmas pessoas resignarão-se e subordinarão-se completamente aos seus chefes e às suas condições de trabalho, a despeito de quais sejam. Pois lá atrás aprendeu que deve respeitar e não contestar a ordem. Além disso, se se contestar o seu patrão ou sua condição, está, automaticamente, colocando-se em situação de risco no emprego, e devemos ter empregos, ganhar dinheiro, comprar coisas que não precisamos, valorizar o fútil e o efêmero, ter uma boa imagem, manter-se em um padrão. Essas mesmas pessoas são essas mesmas pessoas. Pobres, classe média, ricos, milionários. Todos vivem dentro dessa bolha social ocidental que tem um arquétipo, um paradigma, e um ideário inflexível, obtuso, mas "que traz progresso". Não obstante suas características, o que vemos é uma sociedade completamente igual, salvo algumas especificidades, que ruma para o mesmo caminho sem saber o porquê. Talvez por um condicionamento publicitário e social, talvez por uma cultura inflexível. Não só o exemplo da escola que pode ser refletido sobre a isonomia de questões sistemáticas. Moda, costumes, comidas, hobbies, educação, pensamento, ideal de vida, e tudo que for possível citar como características sociais que são únicas, do corpo social inexorável, também, se refletidas, são passíveis de entender o corpo social sistemático e cíclico. Somos todos condicionados e programados. Estar aqui, escrevendo esse texto de sociologia, é porque lá atrás alguém me disse que eu deveria cursar uma faculdade, "ser alguém na vida", "vencer", "ganhar dinheiro", "ter patrimônio", "constituir família", "ter sucesso". Aposto que não sou só eu que ouvi isso. Eu, como as pessoas, as mesmas pessoas, somos todos uma só pessoa.

Matheus Rangel Libutti - 1 ano Direito Noturno

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