A teoria do Fato Social
tem claros traços da dialética hegeliana, isto é, sob o princípio da tese e
antítese formando uma síntese que, na sociedade, poderia ser entendida como o
status quo em vigência em determinada época. Sob essa dinâmica, Durkheim
poderia ler a sociedade atual composta por um status quo conservador e repleto
de fatos sociais que assegurariam a estabilidade dessa cristalização social.
Logo, a visão acerca da dialética social que teria Durkheim poderia se a de uma
sociedade com instituições rígidas, porém repleta de cidadãos anômicos, os
quais desrespeitam intensamente os fatos sociais estabelecidos.
Por outro lado, o que
veria Friederich Hegel na síntese social hodierna, seriam apenas teses e
antíteses moldando a eterna síntese dialética. Isto é, para ele os “anômicos”
teriam uma pressão dialética de contraposição ao status quo. A síntese, sem
julgamento de valores, seria aquele que maior potencializasse sua pressão
dialética.
O que errou Durkheim
foi não considerar a antítese grande força benéfica para a sociedade. Ele realmente
admite um gradual, lento, e quase burkeano, desenvolvimento da sociedade. Mas ao
mesmo tempo em que aponta isso como um “mal inevitável”, traz o fato social
como a principal ferramenta para evitar essa evolução. Desta forma, entende-se
que a dialética hegeliana é mais democrática que o fato social de Durkheim.
Sem julgamento do que
seria bom ou ruim, Hegel teorizou as forças contrapostas, como já dito aqui,
que gerariam algo novo. Porém, os resultados desse diálogo poderia ser
devastador ou construtivo, a quem cabe então determinar se uma, nas palavras de
Durkheim, anomia social seria em longo prazo a raiz de uma sociedade mais
democrática e benéfica?
Muito difícil é tal
questão quanto observada de modo quantitativo, uma vez que a História apresenta
duas tradições distintas, ambas com incontáveis perdas humanas, mas ambas
podendo ser apresentadas como exemplo de democracia hoje. Inglaterra, por um
lado, adotou uma política conservadora e com um lento e gradual avanço no
sentido de direitos. Tal política foi, de fato, responsável por condições
inumanas aos operários em fábricas, às minorias sexuais (que somente obtveram
seu direito de existir em meados do século XX!), às mulheres sufragistas, e
tantos outros exemplos. A França por outro lado, de regime em regime passou por
mais de dez constituições em menos de três séculos, o que demonstra grande
instabilidade fruto das referias anomias sociais, com mortes incontáveis nas
Revoluções Francesas, mas que, hoje, é considerável um dos países exemplo da
dinâmica de Estado Democrático de Direito.
Portanto, não sou capaz
no momento de responder tão forte questionamento. O que posso ver, porém, com
os recursos que tenho hoje é que o fato social é, em essência, uma
ferramenta ideologica utilizada para alimentar o status quo e o desenvolvimento
humano de forma conservadora e desigual.
Vinícius Henrique O. Borges
1º ano Noturno
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