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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O organismo vivo chamado sociedade

Tema: Paixões públicas e paixões privadas

Durkeim, ao analisar a sociedade, a define como um corpo em que tudo está interligado. Essa ideia de organicismo define a relação que as pessoas criam entre si dentro da sociedade. Quanto mais funções diferenciadas e maior divisão do trabalho, mais complexa a sociedade se torna, se tornando, logo, mais propícia à chamada solidariedade orgânica. A sociedade regida por esse tipo de solidariedade conta com uma maior dispersão de idéias diferenciadas em relação a vários assuntos, prevalecendo o pensamento individual e a maior tolerância às diferenças. As paixões privadas são maioria, permanecendo, portanto, uma racionalidade maior na sociedade.

Há, ainda, as sociedades mais primitivas, em que essa relação de organicismo é ainda mais forte. As partes desse corpo são ainda mais interligadas e há pouca diferenciação de ideias. Essa sociedade conta com o tipo de solidariedade mecânica. Nesse caso, uma ação divergente do comportamento habitual causa impacto em todos que compõem essa sociedade. Um corpo que sofre de câncer de esôfago, não sente as dores e os sintomas apenas nesta região. As paixões públicas prevalecem, o que faz com que polêmicas surjam com mais freqüência e a população torne assuntos mais individuais em casos de movimentação nacional, contanto sempre, é claro, com a ajuda da mídia e de programas sensacionalistas. Desse modo, a emoção toma conta da maneira de pensar e a racionalidade regride, atingindo automaticamente o caminhar do direito. O direito se torna mais lento, pois a influencia da opinião pública pode atingir diretamente na decisão de um juiz, mesmo se este tem os motivos legais para tomar uma decisão contrária à expectativa do povo.

Tomando essas sociedades em pequena escala, a modo de exemplo, eu vejo a solidariedade mecânica e orgânica como duas cidades: respectivamente, uma pequena, do interior de um estado do Brasil pouco desenvolvido, e outra grande, capital de um grande estado com São Paulo. Na cidade pequena a maioria das pessoas passa suas tardes livres sentadas em frente de casa, assistindo as pessoas passar e comentando a vida delas. O indivíduo não tem uma personalidade única, além de ser quem ele é, ele também é o filho de tal pessoa, que é separado de tal mulher, que trabalha em tal lugar e possui tais problemas. Quando surge alguém da cidade grande usando roupas diferentes, brincos nas orelhas e outra maneira de falar, o adolescente da cidadezinha o qual é amigo dele, está andando com malas, usando drogas, bebendo demais... Se surge algum problema muito grave, porém, pode ser que surjam vários vizinhos dispostos a ajudar alguma família. Já na cidade grande, na capital do estado, as pessoas estão tão focadas em suas vidas movimentadas, em seus trabalhos, na correria do dia a dia, que mal possuem tempo para pensar nas outras pessoas, no que elas estão usando, no cabelo da turma punk que passa na grande praça central, etc. Os diferentes tipos sociais são mais aceitos, porque devido à grande diferenciação de uma cidade grande, as pessoas estão mais acostumadas com eles e não possuem tempo para se importar com esse tipo de coisa.

Eu usei o exemplo da cidade grande; porém este toma uma proporção menor, em apenas poucos aspectos da vida cotidiana. A verdade, entretanto, é que a maioria do país e quem sabe até do mundo ainda é uma cidadezinha pequena, cheia de pessoas focadas e dependentes das paixõespúblicas, pois são muito dependentes também da opinião pública para formarem sua própria opinião e muito emocionais para não se importarem com os problemas e as pessoas extras familiares, bem longe se seu próprio ciclo de contatos.

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