Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Passos de tartaruga
É possível entender a sociedade a partir do que ela considera imoral ou crime, ou seja analisar as normas do direito é uma forma de analisá-la. Como por exemplo a diferente repercussão que um caso de adultério tem no Oriente Médio e no Brasil. No primeiro caso uma mulher adultera pode ser julgada pelo sistema penal e condenada a morte, já no segundo caso isso não corre. Entretanto, apesar de não sofrer consequências legais uma mulher adultera será julgada moralmente pela sociedade.
Isso porque existe uma consciência coletiva na sociedade, muitas vezes baseadas em tradições e aspectos religiosos, fazendo com que os indivíduos partilhem padrões de conduta não havendo muita diferenciação entre eles, já que a tranguessão a esses valores resultam em crime, em julgamento.
Mas a pena aplicada não esta necessariamente de acordo com o seu impacto social, pois fatores que desorganizam a sociedade como a crise financeira por exemplo não incorrem em tanta repercussão como a estudante que escandalizou e foi a faculdade de minissaia. Ou seja há uma desproporcionalidade no julgamento feito pela sociedade, pois apesar de não colocar em perigo o grupo social e portanto não haver punição legal, a minissaia da estudante chocou mais que a crise econômica, pois foi contra aspectos morais estabelecidos historicamente.
Na sociedade moderna a religião nao teria um peso tão grande, mas acredito que o problema não seja a religião em si, pois sei que ela pode e muitas vezes conforta as pessoas em momento difíceis. O problema é o peso que ela ainda possui, interferindo em assuntos de Estado como a autorização do uso de células troncos em pesquisa, e o fato de algumas pessoas se cegarem por ela aceitando sua visão antiquda e não condizente com a realidade em assuntos como sexualidade, homossexualismo e divórcio por exemplo.
Com isso o indíviduo não pode ser totalmente livre como por exemplo se assumir homossexual devido ao fato de como isso pode afetar a consciência coletiva muitas vezes baseadas em tradições e aspectos morais que em nada afetam o funcionamento da sociedade. Sendo que de acordo com Durkeim isso só a conteceria nas chamadas sociedades primitivas e em sociedades como a nossa, a qual se considera tão moderna haveria uma maior racionalidade no julgamento coletivo, que se preocuparia somente com atos que pudessem afetar a harmonia social e a ordem econômica.
Para Durkeim na modernidade, as forças iriam focar em manter a ordem econômica e não moral. Mas nem mesmo em um mundo com o capitalismo tão forte, o capital é capaz de ultrapassar esssas barreiras, já que a pena é uma reação passional, devendo infligir vergonha para que a punição de um indivíduo sirva de lição para os demais.
A partir disso é possível perceber que a nossa modernidade está permeada por aspectos primitivos, e que por isso é pouco passível de mudanças, sendo que essas ocorrem a passos de tartaruga.
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