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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Intolerância social e o receio de anomia


   Émile Durkheim constata duas formas de solidariedade social: a solidariedade mecânica, típica das sociedades primitivas, onde os indivíduos se identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes. Nessa os indivíduos ainda não se diferenciam, reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. E a solidariedade orgânica, característica das sociedades capitalistas, onde, através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições etc. Na solidariedade orgânica os indivíduos não se assemelham mas sua interconexão é necessária, como a dos diferentes órgãos em um organismo vivo, para o bom funcionamento da sociedade, evitando-se dessa forma a anomia,cujo conceito é “ausência de normas”. Assim, para Durkheim o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.
    As sociedades primitivas, pré-capitalistas, se moviam através da consciência coletiva. As sociedades orgânicas já se movem dentro de princípios da organicidade racional, porém mesmo com a supremacia da razão, a consciência e a influência da sociedade ainda são fortes e geram grandes debates sobre o que atitudes seriam toleráveis ou não no corpo social.
   Questões que geram esses debates são muitas como: união homo afetiva, aplicação de certas penas, aborto, descriminalização de certas atitudes. Por exemplo, tem-se a polêmica discussão que tem acometido o país acerca da descriminalização da Maconha. O documentário “Quebrando o Tabu” aborda a falência da Guerra às Drogas, e chegou aos cinemas 13 dias depois de manifestantes terem sido brutalmente reprimidos em São Paulo pela Polícia Militar na Marcha da Maconha ( movimento que questiona a criminalização do usuário e pretende discutir alternativas à repressão e à prisão). Nesse caso os manifestantes lutam pela liberalidade de usar a droga, enquanto grande parte da sociedade não tolera tal medida por temer a anomia. O uso da maconha é atualmente considerado criminoso, pois ofende a consciência coletiva e por isso tal ato é repreendido, pois os atos de uma pessoa drogada podem ser nocivos ao grupo social. Sendo assim, mesmo que a droga seja descriminalizada, a discriminação social para com os usuários continuará pois tal ato vai contra a consciência social.
   Sendo assim, o texto de Durkheim se mostra muito aplicável na análise da sociedade atual. Percebe-se como suas ideias acerca da solidariedade mecânica e consciência social se encaixam nos mais diversos parâmetros discutidos hoje. 

Danielle Tavares 1° noturno

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