Por mais civilizada que uma sociedade possa ser ( já vale então questionar qual é a verdadeira noção de civilização) é irrefutável que a total racionalização dos atos não será alcançada. Não é preciso iniciar um debate sobre a questão da união homoafetiva ou do uso de células troncoembrionárias para perceber que divergência de opiniões ocorrerá e, ainda bem, continuará a ocorrer, pois só assim pode-se chegar a uma conclusão honesta e digna. Vale também questionar: quem neste mundo é tão sábio a ponto de compreender de forma estritamente racional quaisquer assuntos? Quem pode dizer com extrema convicção tudo aquilo que é certo, errado ou imoral?
Aquilo que se chama de racional pode não o ser hoje e nem nunca. Talvez, ou provavelmente, aquilo que se chama de revolucionário não passa de um modismo e, ao invés de transgredir, apenas cumpre o papel de perpetuar um modelo já instaurado. Muitas vezes somos levados a acreditar que nossos valores prejudicam a percepção do real, mas como abdicar daquilo que acreditamos e, ainda pior, daquilo que somos?
Infelizmente, nem todos são providos de bom senso e autocrítica e esses grandes problemas são inerentes aos seres humanos, os quais, mesmo entre os mais sensatos, estão suscetíveis a não perceber que incorreram num erro.
Basta olharmos ao século passado, marcado por duas guerras mundiais, e perguntar onde se encontram a civilização e a racionalidade. De que adianta desenvolvimento científico-tecnológico se a luta por poder continua a cegar os olhos de muitas pessoas? É ingenuidade pensar que daqui a alguns séculos as atrocidades terão desaparecido. Por isso, provavelmente Durkheim não se assustaria com os acontecimentos hodiernos, pois a cura da intolerência não conseguirá atingir a consciêcia de todos.
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