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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Uma questão de valores

No final do século XIX Marx debateria que a hiperracionalização do homem, das metodologias científicas em si aplicadas, as quais geram uma própria contradição de discurso ( como ocorreu com vários jurisconsultos, por exemplo, no século XX, durante a eclosão da Segunda Guerra, mais precisamente), gerariam uma anomia( uma espécie de sociedade anárquica, istoé, não há nomos, não há lei.Durante o mesmo período, Durkheim se contraporia ao método marxista afirmando que a hiperracionalização do método geraria um equilíbrio, uma manutenção do status quo. Mas será que esta hiperracionalização não geraria de fato a anomia, de acordo com Marx?
De acordo com o próprio Marx, vivemos sob discursos ideológicos que regulam nossa maneira de sentir, pensar e agir.Embasado neste ponto de vista, Durkheim define o conceito de norma penal que consiste em punir ou reprimir atos que firam a consciência coletiva,mas não necessariamente atos que gerem impacto social.Para ele, a Pena estaria associada às quebras de tabus, dos dogmas, das leis necessariamente cotidianas e impostas dentro de uma sociedade( segundo ele, primitiva).Porém, Durkheim não considerou que a religião(um dos mais poderosos condicionamentos ideológicos) estaria ainda tão presente e influente na sociedade pós-moderna. Além disso não considerou que 'não há nada que chegue ao intelecto que não passe pelos sentidos', conforme Aristóteles. Isto é, que o ser humano, apesar de misto de corpo e alma, é um indivíduo essencialmente emocional,sentimental e passional.
Estas questões refletem-se nas intolerâncias e julgamentos. Outra fonte de condicionamento ideológico é a mídia.Esta usa tal influência para aflorar a 'coisa' que existe dentro de cada um ( 'id' na visão freudiana) e gerar polêmica com relação a assuntos que envolvem tabus, ideologias, e preceitos de toda sociedade, sendo esta 'conservadora' ou não.
Alguns exemplos dissos são os programas policiais-sensacionalistas tendo como protagonistas apresentadores que usam da linguagem apelativa e promovem a penalização de criminosos através de linchamentos e justiça com as prórprias mãos.Mas vale ressaltar que os julgamentos têm um sentido de vingança, ou seja, de destruição daquilo que nos faz mal e também é um instinto de conservação.
A questão é o que ameaça mais, os movimentos de intolerância ou os de deliberação?Bem, como o capitalismo é dividido em classes opostas de dominantes e dominados, nenhuma lei pode ter o mesmo valor, peso e medida para as diferentes classes; além disso, a desigualdade é um dos princípios do capitalismo. Para tanto o discurso de fazer justiça com as próprias mãos é útil ao Estado uma vez que, geralmente , o indivíduo que rouba, mata e comete outros crimes o faz por não ter oportunidades relevantes para sobreviver, ou uma educação digna, as quais são garantidas pelo Estado, mas de fato a grande maioria não as possui.
Então, enquanto se fica debatendo se o indivíduo que cometeu um crime deve ser julgado ou se os tabus devem ser quebrados, o status quo se mantém, porque muito continua sendo mantido nas mãos de poucos e pouco continua sendo mantido nas mão de muitos.

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