Franca, 16 de abril
de 2015
Caro Pensamento Cartesiano,
Eu gostaria de
confessar-lhe que hoje me sinto como o viajante perdido na floresta andando em
círculos: Acho difícil conseguir andar em linha reta, num caminho que se não
for o verdadeiro, pelo menos seja o mais provável, uma vez que no mundo de hoje
existam tantos e tantos caminhos, muitos deles muito prováveis de ser o certo.
Duvido de
tudo, até da minha capacidade de distinguir a verdade racional caso ela esteja
à minha frente algum dia e nunca sei se caminho em direção a ela ou se apenas
me debato na areia movediça do senso comum. Devo ser um “espírito fraco e
hesitante”.
Estou perdido,
por favor, me ajude!
M.
Franca, 17 de abril
de 2015
Caro
Pensamento Cartesiano,
Hoje comecei a
duvidar da minha doença, da minha família, da ciência... Da minha razão. Eu
penso. Isso é uma verdade, mas quão racionais podem ser os meus pensamentos em
um hospital psiquiátrico? “Cogito ergo
sum”... Escrevi muitas vezes sua frase em um pedaço de papel, questionando se
seria a minha razão verdadeira ou só fruto da minha loucura, de uma voz de
alguém em minha mente, ou...
Existe alguma
prova matemática de que meus pensamentos têm racionalidade? Depois de tanto
tempo aqui, discordo de você e não acredito mais em Deus (isso pode até ser
empirismo puro, mas não há mais como acreditar em Deus quando se necessita de
mil remédios para não surtar, ainda que eu muitas vezes questione se preciso
mesmo deles), portando não espero dEle algo que me faça ter certeza da minha
razão.
O que Descartes diria?
M.
Franca, 19 de abril
de 2015
Caro Pensamento Cartesiano,
Cheguei à
conclusão que minhas dúvidas expostas na carta anterior fazem parte do senso
comum. Realmente, eu estava atravessando um momento em que ele me sugava tal
qual areia movediça, mas a razão me trouxe novamente à terra firme e sigo mais
uma vez em busca da verdade.
Adotarei agora
suas máximas, principalmente a terceira: “procurar
sempre antes vencer a mim próprio do que ao destino, e de antes modificar os
meus desejos do que a ordem do mundo; e, em geral, a de habituar-me a acreditar
que nada existe que esteja completamente em nosso poder, salvo os nossos
pensamentos, de maneira que, após termos feito o melhor possível no que se
refere às coisas que nos são exteriores, tudo em que deixamos de nos sair bem
é, em relação a nós, absolutamente impossível”.
Estou verdadeiramente
mais tranquilo agora, não devo escrever-lhe mais.
Agradeço a
toda ajuda que personificá-lo me proporcionou.
M.
Giovanna
Narducci Turoni
1º Ano de
Direito Diurno
Introdução à Sociologia, aula 2
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