Inaugurando a filosofia moderna, René Descartes discorre em sua obra, Discurso sobre o Método, sobre o inovador uso da razão no fazer científico. Contrariando os costumes de sua época, em que as paixões e os sentidos estavam entre os pilares da ciência, o filósofo propõe a racionalização e a separação entre sujeito e objeto de estudo.
Apesar de muitos não enxergarem a contemporaneidade no tratado feito em 1637, esta se dá na excessiva racionalização em que fazemos de, por exemplo, decisões a serem tomadas. Hoje, quando se pensa em ter filhos ou em casar-se, diversos fatores são ponderados e a escolha é, muitas vezes, feita a partir de "prós e contras", não levando demasiadamente em conta o fator emocional dos fatos.
Assim, no fazer científico, a separação entre sujeito e objeto permitiu maior imparcialidade e neutralidade nos estudos. O que outrora sofria influência de superstições, religiões e inclinação pessoal, a partir da filosofia de Descartes, deve ser posto em dúvida e, se possível, comprovado a partir de um método científico universal.
Hoje, o cartesianismo é aplicado, principalmente, no fazer jurídico. Uma dessas aplicações se deu na luta pela legalização do aborto de fetos anencéfalos, em que a definição científica e legal do conceito de "vida" prevaleceu sobre "achismos" populares ou entendimentos religiosos acerca do assunto.
É inegável, então, a influência do método cartesiano na atualidade, não só do ponto de vista jurídico, mas também no cotidiano das pessoas.
Gabriela Alves Fontenelle
Direito - noturno
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