As reflexões presentes nos
prólogos de alguns dos livros de Descartes, essas compiladas no seu livro “O
Discurso Sobre o Método”, ajudaram a moldar todo o pensamento científico e
filosófico posterior, inclusive servindo de inspiração para o método científico
de Galileu. Pode-se considerar que esse método explicitado por Descartes, tal
qual levava a dúvida permanente e metódica sobre tudo que abrange determinado
conhecimento, sempre veio a tocar o pensamento econômico de forma mais
pertinente, já que tal área do conhecimento não se define nem como ciência
humana, nem como ciência exata.
Por se tratar justamente dessa
convergência entre ciências, falta no decorrer da história do pensamento
econômico uma espécie de racionalismo científico, uma indagação sistemática
sobre as “verdades” e dogmas, ficando esse pensamento muito fadado a
interpretações manchadas pelo pensamento ideológico vigente. Tais manchas são explicitadas
quando se considera o pensamento científico por trás do chamado Neoliberalismo,
que começou a se espalhar na década de 80 sob o pretexto da “falência” dos
estados de bem-estar social.
Por se tornar aceito como um
senso comum indiscutível no contexto internacional, o Neoliberalismo, ou mesmo “Reaganomics”,
passou a ditar todo o pensamento econômico na virada do século. O fato de pertencer
a uma teoria de cunho anacrônico e sem muito embasamento científico, levou à uma
equivocada desregulamentação do mercado, resultando na segunda maior crise
econômica da história em 2008, a qual ainda muitos países lutam para superar.
Se as equipes econômicas de Reagan e Tatcher tivessem seguido um modelo
estritamente científico e cartesiano, e menos manchado pelo contexto ideológico
de fins da guerra fria, talvez tal crise não tivesse ocorrido, ou talvez tivesse
sido mais branda.
Túlio Tito Borges – 1o
Ano de Direito Diurno
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